Wagner Gomes
Caçu / GO
Amor deprimido
Para mim o sol ainda não apareceu,
e o dia já rompe bem além do meio dia.
Em silêncio, meus olhos aqui cerrados ao brilho.
Pálpebras rubras, cílios opacos, turvados
e castigados por dores que não falam,
mas que também não silenciam-se por completo.
Na janela embaçada pousa calmamente um olhar pedido,
um tanto quanto endurecido pelo tempo
que impiedosamente não poupa em crueldade.
No tique-taque do relógio solitário na parede,
o tormento de um silêncio absurdamente barulhento.
No soprar contínuo do vento,
os assovios assustadores da solidão e da angustia.
Em minha mente pareço apenas mais um!
Mas na verdade sou muitos de mim em apenas um,
que me suporta enquanto caminha comigo.
Ouço ao lado, uma batida...
Seria a porta? Mas aqui todas as portas estão trancadas!
Ouço ranger no piso os pisados...
Mas não chegam em mim os passos. Por quê?
Não seria melhor estar lá fora livre e feliz? Sim, seria!
Mas assim como estou, mesmo que eu estivesse lá fora,
Ainda assim continuaria preso.
E o sol, por que ainda não brilha,
se lá fora já é bem mais de meio-dia?
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