Wagner Gomes 
Caçu / GO
A descrição do poeta
Eu sou a casa branca solitária no alto da serra;
a poesia esquecida num pedaço de terra
no alto destes planaltos goianos.
Sou as trilhas sinuosas que acessam essas montanhas;
as lágrimas, sussurros e manhas espalhados
em um pedaço de papel.
Eu sou os segredos guardados nas entrelinhas da poesia,
assim como são as raízes dos matos cerradeiros
embaixo das folhas secas ao final do inverno.
Eu sou o poeta nascido nos finais de tarde;
os olhos silenciados que guardam os medos e desejos
que carrego escondidos no coração.
Sou as águas que despencam do alto dos lajeados
formando cachoeiras,
e metade de mim são ladeiras
por onde escorrem as enxurradas
de sentimentos que não consigo descrever.
Sou as terras deste Goiás gigantesco, e assim como elas,
sou árido nas secas escaldantes dos sentimentos que carrego,
e dos silêncios que não sei como dizê-los.
Mas em tempos de primavera, floresço e me perfumo,
assim como os arbustos e matos que cobrem essas planícies e planaltos, por onde se estendem as lavouras
e as invernadas intermináveis.
Eu sou o goiano intitulado poeta, que perdido no mundo,
se encontrou no meio das letras, e quando encontrado,
se estendeu sozinho por entre as linhas,
versos e ilusões de um poema.
Sou os silêncios que guardam estas madrugadas frias;
sou as tempestades de nuvens negras de verão,
que encharcam estas terras do meu Goiás.
Sou os segredos escondidos embaixo de cada uma dessas pedras roladeiras submersas nos leitos desses rios.
Sou a liberdade pendurada nas cascas de cada um destes troncos retorcidos, que se encontram espalhados
por estes cerrados poetizados.
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