Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

 

O céu dos cachorrinhos



            

            

- Vó, para onde a gente vai depois que morre? - Perguntou o menino.
- As pessoas boas vão para o céu, meu netinho.
- E como é lá no céu, vó?
- É um lugar muito bonito, de muita paz.
- O que as pessoas ficam fazendo lá?
- Elas ficam o tempo todo rezando e cantando lindas músicas, na presença dos anjos e de Nosso Senhor...
- O menino não achou lá muita graça naquilo, não. Esperava mais...
Ele tinha um lindo cachorro vira-lata caramelo, chamado Luque, que era o seu xodó. Fiel companheiro de todas as horas. Como era bastante curioso, tornou a questionar sua avó:
- E os cachorrinhos, quando morrem também vão pro céu?
- Vão, sim. Só que em outro lugar... Eles vão para o “céu dos cachorrinhos”.
- E como é esse céu? É igual ao das pessoas?
- É muito lindo também, cheio de árvores, onde os cachorrinhos de todas as raças, cores e tamanho brincam à vontade, na maior felicidade, podendo até mesmo correr livremente pelos belos gramados verdes do lugar. E há no local, vários riachos de água cristalina, onde eles matam a sede.
- As pessoas também podem entrar lá?
- Podem, é só pedir que Nosso Senhor deixa. E elas ficam lá o tempo que quiserem, fazendo companhia aos cachorrinhos e brincando alegremente com eles.
- Depois disso o menino ficou muito pensativo e disse: 
- Vó, quando eu morrer não quero ir para o céu das pessoas. Quero ficar é no céu dos cachorrinhos.

 


 




Conto publicado no livro: "Casos de amor (e lambanças)"- Edição 2021
Janeiro de 2022

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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