Maria Rita de Miranda
São Sebastião do Paraíso / MG

 

 

Apocalipse... Agora!

 

            

O caos estava instalado. Mais depressa do que alguém pudesse imaginar, ofuturo apocalíptico chegava. Com ele a profecia se cumpria. Tudo perdeu a identidade.
O céu diurno privou-se do tom azulado dando lugar para um triste cinza. O diase tornou pequeno demais seguido por uma noite tão escura, que as luzes artificiaiseram ofuscadas pelo pretume intermitente. Não se avistava nenhuma estrela e a lua se fora, talvez para sempre. O ar ficou pesado, impróprio para os pulmões, resultado departículas acumuladas ao longo de anos de poluição. Somente o sol continuava no meiodo céu cinza a lançar raios cada vez mais quentes e insuportáveis.
As matas não mais coloridas de verde tinham agora seus troncos e galhos de árvores queimados pelo sol abrasador. As aves debandavam na esperança de encontrar lugares que ainda pudessem lhes oferecer alimentos. Os animais silvestres corriam de um lugar a outro, chegavam até às cidades escaldados pelo calor intenso.
O mar ficou revolto e ondas gigantescas lavavam as praias e parte das cidades litorâneas. Os peixes jaziam encalhados na areia.
Os rios se paralisaram formando imensas lagoas com águas poluídas e sem vida.
As chuvas se tornaram escassas e quando caíam, vinham com tremendos raios e trovões e suas águas eram mornas.
A natureza estava em polvorosa.
As pessoas que conseguiam sobreviver repetiam como autômatas: - a profecia se cumpre. Andavam pelas ruas desertas muitas vezes sem rumo, apenas não acreditando no que seus olhos insistiam em lhes mostrar. Incrédulas e medrosas queriam a qualquer
custo reverter a situação. Mas como? Os governos se desgovernaram e o povo sem liderança se sentia inapto. Assistiam a tudo impotentes e incompetentes.
Então a fome assolou a população. Sem sustento o inevitável aconteceu. Pequenas batalhas eram travadas para conseguir um pouco que fosse de alimento para matar a fome que já dizimava as pessoas mais fracas. Os animais, agora misturados à população, eram às vezes abatidos, quando não conseguiam um abrigo. Outras vezes eram eles que atentavam contra uma vida para conseguir alimento.
Terremotos e maremotos começaram a acontecer em diversas partes do planeta. Seria o fim dos tempos?
Até que um dia o acinzentado do céu se tornou tão claro e brilhante que em todo o planeta se pode avistar quatro cavaleiros saídos da luz, montados em corcéis negros alados, tendo suas roupas alvas como a neve. A população boquiaberta assistia tudo
como que duvidando da própria visão.
Soando como um trovão, o primeiro deles falou:
- Eu represento a peste, ou seja, tudo de ruim que recaiu sobre o planeta: modificações nas águas, matas, tempo.
Ao que o segundo replicou:
- Eu sou a fome que toma conta de vocês, resultado dos transtornos que aí ocorreram.
Disse o terceiro:
- Com todas as dificuldades e num ímpeto para aliviá-las, o resultado só poderia ser a guerra que eu represento. A luta pela sobrevivência, mesmo em troco da vida de semelhantes.
O quarto cavaleiro sombriamente tomou a palavra:
- O resultado de tudo isto só pode ser a morte, o meu símbolo. Morrem os animais, o ser humano, os vegetais. Enfim desmorona a natureza.
Quando terminaram de discursar, ergueram suas mãos e delas se desprenderam raios de luz que atingiam toda o planeta revertendo suas misérias. As matas se tornaram novamente uma fonte de vida com as árvores verdes e frutíferas para os animais que retornavam. Os rios se movimentaram oxigenando suas águas e dando vida à população aquática.
Os mares se acalmaram e ao céu retornou o tem azulado e claro.
A lua reapareceu na noite pontilhada de estrelas.
Dia e noite voltaram ao normal.
Mais uma vez a voz retumbante dos cavaleiros foi ouvida:
- Habitantes do planeta terra, vocês estão tendo uma nova oportunidade de vida. Conscientizem-se cuidando melhor da natureza. Utilizem-se dela, mas conservem-na para que tamanha catástrofe não volte a acontecer.
Aos poucos, como se fossem feitos de fumaça, eles foram desaparecendo devagarinho e se misturaram às nuvens fofas do céu.
Aprendemos a lição?

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Casos da Meia-noite" - Edição 2019 - Novembro de 2019