Neri França Fornari Bocchese
Pato Branco / PR

 

... E ele chegou!

                

                

         

          

Não era um pato branco, mas era quase uma ave, porém metálica e azul.
Por isso uma cidade em festa! Até o ar estava perfumado, era o cheiro das flores da Avenida Tupy com o exalar da fragrância dos pinheiros que sobreviveram ao massacre das serrarias. O cheiro do mato de outrora, impregnado de verde de tantos tons, de tantos odores que maravilham os olhos e enriquecem a alma.
A cidade não cabia mais no vale do Rio Ligeiro, nem nos morros em sua volta todos povoados, parecia que ela precisava estar com suas cercanias muito mais longe, voar na imensidão do azul Infinito. O destino era o Aeroporto Juvenal Cardoso, penso que nem na Inauguração, em 1953, houve tanta euforia. Lá se disse: pra que aeroporto, nem caminhão têm ainda...
Uma festa onde o cidadão pato-branquense era o anfitrião. O amor estava nos ares, era o amor sublime de um povo pelo seu torrão. Desde os idos do século passado quando João Arruda batizou o rio com o nome da ave que voa, que caminha e ainda sabe nadar, o destino foi selado. Sempre terá uma saída, o horizonte é o limite, pois sempre se está em seu alcance.  Será uma cidade pujante, o progresso sempre foi a sua linha mestre.
Quem diria que o sonho implantado ainda quando recém-emancipado Pato Branco já abrigava um Piloto e sua aeronave.. Sonhar é preciso, e sonhar grande. 
Aos poucos com muita garra tudo foi sendo alcançado.  Aula bilíngue ainda em 1920 por Maria Cordeiro. Sem muitas autorizações das autoridades educacionais apenas o prazer de ensinar conservando a língua pátria de seus alunos. Um direito de cidadania.
E, o cheiro da erva-mate podada pelos brasileiros, caboclos trabalhadores e cancheadas por argentinos, os vizinhos  em busca da riqueza,  do ouro verde. 
Assim a cidade sem imposições governamentais, pois o seu povo é que agia conforme as necessidades foram tomando a sua identidade. Até uma Revolta e, vitoriosa para expulsar os opressores fizeram. Garantindo a Terra aos que nela trabalham.
A Reforma Agrária de que o país tanto precisa foi realizada com a Revolta dos Posseiros. O povo agindo. Não tendo medo de enfrentar as situações que se apresentam. 
Aos poucos, junto com a ave alvissareira, com a determinação, com o trabalho, o desenvolvimento foi sendo a marca indelével inabalável resistente desse povo que não nunca foi indolente. 
Um sonho, sonhado por muitos e, já realizado pelo primeiro prefeito Plácido Machado em  4 de março de1953 com o primeiro pouso. E alguns senhores é preciso um aeroporto, pois onde  o senhor  Antonio Odorzich  vai pousar sua aeronave e lá no alto em uma das Sete Colinas de Pato Branco, 
da foi ele planejado. Mesmo que muitos se perguntassem para que um campo de avião, se nem caminhões não temos ainda. Não precisou muito logo o segundo Prefeito com visão futuristas  já melhorou as instalações, pois voar é enxergar longe, é não ter barreiras para se chegar a onde quiser.  Nessa data frei Honorato Bruggmann foi quem abençoou o Areoporto, com o pouso da aeronave de Antonio Odorzisk, também com a presença do Governador Moisés Lupion .
E assim  a mais de 6 décadas, tudo foi acontecendo era a marca de um povo que quer voar longe, pois até no nome gentílico o convite para bater as asas. 
O tempo passou e a hoje cidade universitária cresceu ajudando no progresso da região. Era agora preciso despertar e concretizar o que já fora sonhado, pois até extensão territorial o aeroporto foi planejado.
Porém uma luta que parecia estar ficando impossível, foram tantos contratempos. Muitas datas anunciadas, muitas exigências cada vez mais complicadas. Uma linha aérea para uma cidade do interior seria viável?? Teria passageiros??
Os  empresários locais já possuem o seu  instrumento voador. Os grandes centros não ficam tão próximos. É preciso viajar a serviço.
Depois de tantas datas marcadas e remarcadas, mais uma foi anunciada. Todas as exigências cumpridas.
Será dessa vez? E, foi.
Ele, o pássaro voador idealizado por um brasileiro num tempo que se foi,  pousou. Recebeu o batismo das águas pato-branquenses, águas do Rio Pato Branco. Ah! Se João Arruda ainda tivesse entre nós, ficaria deslumbrado.  Foi um jato espetacular dos homens do Fogo, e  a aeronave ATR 72-600, Bela e Formosa aterrissou para a Glória de todos. 
Agora temos um avião para o nosso aeroporto. Podemos voar com o pato branco e voar longe buscando os confins do Mundo, quando preciso, descansando nas lagoas azuis que encontrarmos. 
Um povo que sabe se regozijar com a chegada de uma aeronave,  não há barreiras  que impeçam o progresso. É só sonhar que faz parte do primeiro momento e depois ir realizando. Nada é difícil, nada é impossível não há obstáculos intransponíveis, pois somos abençoados por Deus, com as Bênçãos do querido Frei Policarpo. Da sua cadeira de roda abençoou o aeroporto remodelado, a primeira vez foi abençoado por Frei Policarpo.
Parabéns a Bela Cidade.

 

 
 
Publicado no Livro "Contos de Arrepiar" - Edição 2019 - Maio de 2019