Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

Viajar

 

 

           Adoro viajar! Tenho preferência por viagens longas, mas “curto” também as de apenas alguns quilômetros. Quando vou para perto, imagino que sou um turista que mora longe, em visita àquele local. Quem mora em outro estado ou mesmo em outro país e que, por exemplo, visita Ouro Preto, a aproximadamente 100 Km de onde moro (BH), está realizando um longo trajeto. Até quando vou para Sabará, distante apenas 17 Km daqui, digo que viajei. Sinto falta de ver verde, montanhas, estradas… E gosto de viajar de dia, para ver as coisas e prestar atenção em tudo…Escolho sempre uma janela (no ônibus, carro,  trem ou avião) e não durmo para não perder nada. Quando o percurso é longo, de vez em quando dou umas cochiladas. Uma vez, comentando com uma pessoa que  fico praticamente o tempo todo olhando pela janela, admirando as paisagens, ela falou: “Mas não tem nada para ver, só mato!” Então passei a dizer que gosto de ver mato. Tem gente que só vê as coisas pelo lado ruim. Sou da opinião que no mundo (felizmente, para nossa admiração), há mais coisas bonitas do que feias. Da mesma forma, acho que apesar de toda violência, há mais pessoas boas do que ruins (conheço gente que acha o contrário), pois se assim não fosse, seria impossível vivermos. À noite só viajo em caso de extrema necessidade, pois geralmente nesse horário, somente quando entramos em alguma localidade conseguimos ver algo. A vantagem da viagem noturna, dirão alguns, é que a gente “ganha” um dia. Eu já digo que “perco” um dia, pois não consigo dormir direito e no outro dia tenho aquela ressaca e sinto sono o tempo todo. Portanto, é um dia praticamente perdido, em que só penso em dormir, descansar, sem ter ânimo para fazer muita coisa. A cabeça fica doendo, fico irritado… Além do mais, tenho medo de que aconteça um acidente na estrada, pois aí o desespero será maior, já que na escuridão o socorro e todo o resto fica bem mais difícil. Sei que acidentes podem acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar, mas creio que de noite seja mais desesperador.
           Quando começo uma viagem, gostaria que ela não terminasse tão cedo! A partir do momento em que a inicio, não dá vontade de voltar, só de ir adiante e quanto mais longe eu for, mais satisfeito eu fico…  
           Gosto de visitar cidades de qualquer porte. É comum encontrarmos pessoas que dizem, ao visitarem determinada cidade, que não gostariam de morar lá. Nunca penso isso. Estou ali para conhecer, para passear, não pretendo mudar-me para aquele local, então qualquer lugar para mim é bom de se conhecer. Pode ser cidade de uma rua só…Todas elas  possuem uma história e pessoas interessantes, algo diferente, único. Mas para morar, gosto mesmo é de Belo Horizonte, onde nasci e resido atualmente. Sinto um prazer indescritível, ao retornar para esse que é meu lar querido, após um passeio, uma excursão…  Como diz um velho ditado: “O melhor de uma viagem é justamente a volta para casa.”
           Quando alguém me diz que gosta (ou gostaria) de viver em lugares pequenos, onde é mais tranquilo e o ar mais puro, costumo dizer que para mim isso não serve, pois acho que sinto falta da poluição do ar (e também da visual, sonora e de tantos outro tipos), existentes em cidades maiores. Quanto às pequenas, gosto mesmo é de visitá-las, nunca permanecendo muito tempo nelas.
           Sinto-me privilegiado pelo fato de ter nascido no Brasil e em especial, no meu querido Estado de Minas Gerais, que é considerado o de maior potencial turístico do país. Possuímos uma requintada gastronomia, um rico folclore, seculares tradições religiosas… Temos de tudo, para todos os gostos. Só não temos mar de água salgada, mas temos um mar azul de montanhas onduladas (praia de mineiro é em rio ou lagoa), belíssimas cidades históricas, belas cachoeiras, lindíssimas grutas, estâncias hidrominerais, sítios arqueológicos e muito mais… Até a neve se apresenta, em invernos rigorosos, na região de Maria da Fé, no sul do estado. E a minha linda cidade, com o poético nome de Belo Horizonte, fica num local excepcional, pois a partir daqui é possível viajarmos para dezenas de localidades situadas num raio de até 200 Km, indo e voltando no mesmo dia. Sendo assim, temos oportunidade de apreciar paisagens encantadoras em pouco tempo e com menos gastos.
           Não consigo me despedir de alguém que vai viajar (na rodoviária, aeroporto, etc), sem deixar de sentir "uma coceira na sola do pé", de tanta vontade que dá de ir também…

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Contos ardentes" - Edição 2019 - dezembro de 2019