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Rubens Alves Ferreira
Taguatinga / DF

 

Quando e como?

 

 

Ele falava de uma relação singular. Algo que pelas características, ficou pelo caminho e só conheceu o cartão de visitas de todo novo relacionamento envolto em êxtase, maravilhamento e numinosidade.
Depois... da não total concretização, foi só acometimento doído, companheiro do tempo; que envelhece de espera; mas não perece. Como seus corpos que eram... e suas almas, virgens da realização  que não houve, mas sempre serão...
Conta ele que por muitas vezes, Ela apareceu, num fluxo de sombras e expectativas; e todo seu Ser intentava sua busca e encontro. Tudo pulsava por esse momento no comungar-se Deles numa simbiose sedenta e faminta – Um. E singulares na proposição de realizar-se, imanar-se. Acontecia antecipadamente uma catarse restauradora, guardada nos percalços de tempo e espaços. Sinestesia com isso de uma expectativa Deles, sagrada; em que o êxtase se encarregou de projetar, por si só, um futuro possível e restaurador. Contudo, a confiança ansiosa e descuidada cedeu lugar ao engodo e sofisma alheios que foram solícitos à tarefa de “facilitar” a redenção. Essa benesse transformou o que em um momento era presença, e tudo estava destinado a Ser; e envidou a desídia com hora e direções de pura maldade e despeito. Encaminhou-se, então, Ele, para entre corridas, chamados e aflições, constatar que seguira a rota errada, acompanhando pessoas que sentia não ser, nem ter Dela a doce orientação, presença e realização.
Informações difusas... Ele voltou e escolheu,  por conta própria e no auge do desespero,  um outro caminho; atalho, e novamente se achou perdido e só, nas vastidões do nada. Rodou em vão por ruas, lugares e paisagens que reincidem em seus sonos perturbados. Enquanto isso Ela continua sonho nas noites, imaginação pelos dias; e os pensamentos Dele permanecem procura e solidão.
 É evidente que todo esse idílio desconheça o dia seguinte e as agruras da convivência; mas isso também tem suas particularidades, beleza e feiúra, a aceitação do humano: cara amarrotada, cabelos desgrenhados, olheiras, mau hálito, mau humor, higiene matinal e a labuta de todo dia...; o fim do dia, no retorno exaustos para casa e cada um ter e aceitar as individualidades, cada um com o seu canto. Alegrias e tristezas. O tempo e os espaços, as terceiras pessoas, todo o pacote que vem junto... mas afinal não deixamos de nos maravilhar de sermos humanos e particularíssimos com toda nossa humanidade. Será que Ela deve subsistir tão maravilhosa como promessa e esperança; ou seria realizador dividir com Ela o “Ser-aí” existencialista??? Falando em Existencialismo, perdão pelo excesso de adjetivos; é que aqui se justifica o sonho consentido e estimulado, como forma de ver mágica na vida.

 

 

 
 
Conto publicado no "Livro de Ouro do Conto Brasileiro" - Novembro de 2016