Otaviano Maciel de Alencar Filho
Fortaleza / CE

 

 

Mata em chamas...

 

 

        

De longe, de cima do pico, se avistava uma esteira de fumaça que se elevava ao céu cobrindo boa parte da floresta. Chegando mais próximo podia-se perceber a causa das brumas que escondiam grande parte da vegetação: Fogo! Avisada do ocorrido, a brigada de incêndio sediada em uma pequena aldeia distante a alguns quilômetros da área em chamas, ao chegar próximo ao local do acontecimento percebeu que a mata estava em chamas ardentes e que o calor insuportável não permitia que a equipe pudesse se aproximar dos locais onde os focos do incêndio eram mais intensos.
 Impedida de iniciar os trabalhos diante o tamanho das labaredas, o chefe da equipe imediatamente pediu reforços ao corpo de bombeiros da cidade mais próxima. Logo foi informado que as viaturas iriam chegar ao local somente após cerca de três horas e que seria solicitada a liberação de uma aeronave para ajudar no aplacamento do incêndio, devido à urgência do acontecimento.
Aos poucos a população do vilarejo e redondezas ia chegando e se dispondo a fazerem algo para aplacar a fúria das chamas que não davam trégua. Orientando a todos que se dispuseram ao trabalho, o chefe da brigada fazia serviço de formiga, no intuito de não deixar o fogo chegar perto das aldeias.
A angústia tomava conta de todos ao verem a flora e a fauna pedindo ajuda sem serem atendidas. Os animais corriam atônitos sem direção em busca de um lugar seguro. Os de maior porte levavam vantagem em relação aos pequenos que, muitas das vezes, não conseguiam sair do local em chamas. Cena triste de se ver!
      Já havia se passado três horas do tempo previsto para a chegada da ajuda dos bombeiros quando, no céu, avistaram-se um helicóptero e outra aeronave que juntas despejavam água sobre a mata em chamas. Aproximadamente vinte minutos depois cinco viaturas do corpo de bombeiros chegaram para juntarem-se aos que já se encontravam no local. Rapidamente o pessoal foi organizado em setores de combate às chamas e o trabalho pode, dessa forma, ter uma maior eficiência no controle do incêndio.
A noite chegou e todos estavam exaustos, mas o controle das chamas havia sido alcançado. Logo uma tênue chuva começou a cair e todos ficaram animados, contudo não foi o suficiente para debelar todos os focos de incêndio que continuavam a aparecendo por toda a noite e o dia seguinte.
Embora a maioria dos focos de incêndio tivesse sido controlada, em outros locais de acesso mais difícil, ainda havia a necessidade de ação mais intensa no combate ao fogo que teimava em não apagar. Essa situação perdurou por mais de uma semana e somente foi resolvida com uma ação providencial: Chuvas. Sim, elas caíram do céu como uma cascata, jorrando água em abundância sobre toda a região e circunvizinhanças onde o incêndio acontecia.
Terminada de forma oficial a intervenção no combate ao Incêndio, restava agora, contabilizar em números as perdas derivadas desse terrível acontecimento que, diga-se de passagem, não foram poucas. 
Muitas espécies de plantas nativas rasteiras foram eliminadas e o solo ficou empobrecido, o que levará anos pra se recompor. O estrago na fauna também foi grande: cobras e outros animais rastejantes tiveram suas vidas ceifadas pelo fogo abrasador que tostou tudo o que encontrava pela sua frente. Alguns animais de pequeno porte também perderam suas vidas na luta contra o fogo. A população dos vilarejos localizados na zona onde ocorreu o incêndio também ficou prejudicada pela falta de alimentos que provinham das árvores frutíferas que serviam para seu sustento, bem como meio de comércio com as cidades vizinhas.
Não se sabe, até hoje, o que causou o incêndio. A perícia feita no local, logo após o término da grande queimada, concluiu que o mais provável foi uma combustão ocorrida pelo forte sol, clima seco e vegetação seca rasteira que predominava no local. O certo é que, como diz o velho ditado popular: com fogo não se brinca. Resta à população se recuperar desse acontecimento nefasto. A natureza também fará sua parte se recuperando dessa ferida marcante em seu corpo: o planeta Terra!

 

 
 
Poema publicado no livro "Causos e contos do cotitidiano" - Edição 2019 - Março de 2020