Alberto Magno Ribeiro Montes A mosca
(Num dia em que eu estava sentindo-me muito só…). És o único ser que me visita nas horas alegres, em que a tristeza teima por imperar e invadir meu ser. Rondas-me o tempo todo, quase sempre irritando-me. Mas quem sabe, às vezes, só estás tentando consolar-me na dor que sinto, de não ter presente aqueles que desejaria estivessem comigo agora…. Pois todos se afastaram de mim, como se eu fosse um espectro imundo, ou mesmo um leproso incurável. És totalmente diferente deles, que, só às vezes, me demonstram carinho… Oh, mosca nojenta e deliciosa, que me acaricias! Sugando-me como o néctar suga a flor…Rodeias tudo que é meu neste instante: meus discos, livros, minha música, amigos imaginários…minhas lembranças fotografadas, minha cama improvisada no sofá. Até no baú, cheio de recordações, que não são minhas, tu pousas suavemente e nele repousas.
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Poema
publicado no livro "Contos de Verão"-
Edição Especial - Fevereiro de 2017 |
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