Ivonei Porto Reali
São José do Rio Preto / SP

 

Restauração

 

           

Não se pode ser ator coadjuvante no roteiro de seu destino.  Chega o momento em que você se vê obrigado a decidir entre o que deve permanecer e o que deve ser interrompido, quem deve continuar caminhando a seu lado e quem deve ser deixado para trás, ou caminhar na sua frente, até sumir em outros horizontes. Isto é doloroso, mas natural, e deve ser encarado como um parto, não como mutilação. É uma questão de sobrevivência emocional. As pessoas, assim como as coisas, têm um período de permanência em sua vida, mas você deve deixá-las livres para escolherem: tornarem-se indispensáveis, ou se perderem, para então cumprirem seus papéis em outras vidas. Ninguém é retirado de sua vida, ou se retira, no momento errado. Errado é pensar que a perda seja responsabilidade sua ou de outrem, nada mais é do que seleção natural. Quedar-se no choro e ranger de dentes seria o mesmo que prantearmos a perda da cauda, das garras ou das presas quando ganhamos em evolução. Foi isto que nos fez destacar como espécie pensante. Uma parte de nós se vai para proporcionar o desenvolvimento de novas partes.

O que nos define são as escolhas que fazemos. Eu escolho concentrar a minha energia emocional no meu projeto de vida, com a certeza de que, nos parcos limites de minha humanidade, sempre e, em tudo, dei o máximo de mim. Para aqueles a quem isto não foi suficiente é que, provavelmente, não houve sintonia, vibrávamos em cadências e ritmos diferentes. Nada mais!

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Contos de Verão"- Edição Especial - Fevereiro de 2017