Carlos Alberto Drago
Anápolis / GO
O que não faz a birita... (?)
O sólido currículo profissional do Dr. Juvenal Praxedes exigia e merecia respeito, mas só até as 10 da noite. Porque a partir daí, Praxedinho se embiroscava pelas vielas do bairro visitando seus botecos preferidos, enchendo a cara aqui e ali, correndo toda a coxia até despencar num cantinho de meio-fio já batizado pelos cachorros da redondeza. Só que foi diferente naquela sexta-feira.
Os frequentadores e balconistas das biroscas já conheciam bem a figura. De longe era até possível identificá-lo por aquele indefectível terno marrom e gravata amarela, entrando e saindo dos botecos, cada vez mais “mamado”. Era sempre assim. Sempre: até nos dias de São Nunca.
...
A sirene dos Bombeiros alarmou por volta das três da madruga; fumaceira por trás do prédio da Associação Comercial, onde no terceiro andar funcionava o “Bar Society Gente Fina”. Pelo afogueado do céu já se imaginava a tragédia. Na calçada meia-duzia de biriteiros gritavam para os bombeiros: “Dr. Praxedes tá lá dentro!!!”, “Dr. Praxedes tá lá dentro!!!”, “Dr. Praxedes tá lá dentro!!!”.
Um bombeiro mais destemido atendeu à súplica dos biriteiros, subiu correndo ao terceiro andar e viu Praxedinho ainda no balcão, de copo na mão... Rapidamente pegou-o pelo braço e trouxe-o de volta à calçada, na marra.
- Então? O senhor viu por onde começou o incêndio?
- Vi não, comandante... quando eu cheguei já tava tudo pegando fogo.