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Braga
(*) Os poetas
cantadores Perguntaram,
certa vez, Já
de antes, corretamente, Definitivo,
o cordel Mas,
qual o significado De
cordão veio o cordel Pela
Península Ibérica Foi
na França COLPORTAGE... O
CORDEL veio ao Brasil Um
destaque interessante Antes
feita em vinheta Com
sua origem chinesa Mantêm
a XILOGRAVURA Mas
diferem no CORDEL Há
CORDÉIS com oito páginas, Hoje
toda essa cultura CORDEL
é literatura, Não
é só de lobisomem, Muitas
funções desenvolve Todo
vate cordelista A
procura por cordéis A
poesia popular Tem
a SEXTILHA e a SEPTILHA, Tem,
ainda, os estilos Quatro
versos tem a QUADRA, Parecendo
mais bonita, Como
exemplo eu cito uma A
QUADRA que foi cantada Dizem
que a cantoria Merece
aqui dar destaque Os
poetas cantadores Mas,
o que eu vou discorrer Os
estilos mais usados Tem
a estrofe da SEXTILHA A
SEXTILHA tem seus versos Agora
eu passo a citar "Depois
se ouviu o gemido Como
nos versos modestos "Mas
o sonho de Guevara, "Ao
enfrentar o inimigo "Firmando
o socialismo As
estrofes de um CORDEL A
rima é classificada Já
as RIMAS CONSOANTES, Muito
importante em cordel Como
nos belos versos Quando
se faz a contagem De
Pessoa será marcada Além
da RIMA e da MÉTRICA Se
na CADÊNCIA de um verso Do
vate Gonçalves Dias A
SEPTILHA ou sete versos Os
versos que entre si Do
poeta Medeiros Braga "Já
no campo a vida é dura, "As
massas ingênuas, dóceis, A
terceira modalidade A
DÉCIMA de sete sílabas A
DÉCIMA é uma tradição De
um ou dois versos, a glosa O
poeta Raimundo Asfora, "Fui
criado entre as miragens A
DÉCIMA, também existe Isso
é parte do CORDEL, Cordel
que foi declamado Pelo
Rubênio Marcelo, Vários
ciclos eles narraram Outros
ciclos na história No
cordel cantaram coisa Hoje,
com o mundo arriando O
CORDEL vem se tornando O
CORDEL vem se voltando Vamos,
pois, prestigiar Não
podia concluir São
eles Câmara Cascudo, Muitos
outros bons poetas --- (*)
Medeiros Braga, Luzimar. Economista, romancista e poeta.
Filho de
Projeto
Saber Cordel
Edições
extras Imprensa
Como adquirir
Breve
história do Cordel
De improviso,
bons artistas,
Os geniais violeiros,
Viam as SEXTILHAS versistas
Como "A Deusa Inspiradora
Dos Poetas Repentistas".
Ao mestre Raymond Cantel,
Um francês, estudioso,
Que saber tem a granel
O que vinha a ser, de fato,
Ao pé da letra, o cordel.
Se podia conceituar
De "narrativa e impressa",
Vindo ele a acrescentar,
Com todo convencimento,
A palavra, "popular".
Pôde um conceito ganhar:
"É POESIA NARRATIVA,
IMPRESSA E POPULAR",
Por essa forma, podendo
O que se pensa, narrar.
Do termo, com precisão?...
É porque eram vendidos
Nas feiras ou barracão
Quase sempre pendurados
Em barbante ou em cordão.
Esse nome consagrado,
Esse folheto de feira
De bom serviço prestado
Na formação, no informe,
Em tudo que é contado.
O cordel se consagrou,
Em Portugal "FOLHAS SOLTAS"
Ou "VOLANTES", se chamou...
Pliegos Sueltos na Espanha
Com esse termo se firmou.
E com nomes diferentes
Surgiu na Holanda, na Itália
E no novo continente:
Brasil, Peru, Chile, México,
O cordel se fez presente.
Com os colonizadores,
Por migrantes romanceiros,
Saudosistas, trovadores,
Que liam e escreviam versos
Pra minorar suas dores.
É a postagem da gravura
Para a capa do cordel
Que é feita em XILOGRAVURA
Pelo artista nordestino,
Nota dez nessa pintura.
De muita tipografia,
Passou a ser trabalhada
Na madeira, com mestria,
Só com a arte, o estilete
E a tinta para grafia.
Já de uso em literatura,
Pelas mãos de portugueses
Chegou a XILOGRAVURA
No Nordeste brasileiro
E se entranhou na cultura.
Nos melhores patamares
Abraão Batista, José
Borges, Marcelo Soares,
Valdeck de Garanhuns
E outros grandes pilares.
Dois itens interessantes,
Um é o tipo de imagem
Na capa desses volantes,
E o volume dos folhetos
Se pequenos ou possantes.
Dez, quatorze ou dezesseis,
Depende muito do tema
Que se escreve com altivez,
Se romance, se história,
Podem ser grandes, talvez.
É típica da Região
Do Nordeste, que se estende
Da Bahia ao Maranhão;
Das capitais dos estados
Às cidades do sertão.
Traz o romance pra o verso,
Traz ciência, conta história
Que se passou no universo,
Abre o olho do leitor
Se um governo é perverso.
De "camonge", de assombrar,
Que o cordel nos seus versos
Tem para o povo contar,
Ele, também, é instrumento
De educação popular.
O poeta cordelista:
É um contador de história
E de estória; é romancista,
Cientista, advogado,
Professor e jornalista.
Sempre tem o compromisso
De escrever para o povo,
De prestar o bom serviço
E nos momentos difíceis
Nunca, jamais, ser omisso.
Cada dia cresce mais,
São eles hoje vendidos,
Das vilas às capitais,
Em feiras, praças, mercados
E nas bancas de jornais.
Contada pelos poetas
Conta com muitos gêneros,
Com criações inquietas,
Com estilos mais diversos
Para animar suas festas.
DÉCIMA, PARCELA, MOURÃO,
Tem o MARTELO AGALOPADO,
MEIA-QUADRA, QUADRA e QUADRÃO,
O GALOPE A BEIRA-MAR,
E a TOADA, em rojão.
Da LIGEIRA e GEMEDEIRA,
E, dividindo os poetas
Com suas verves criadeiras,
Têm o MARTELO e o MOURÃO
Cantados d'outras maneiras.
Sete sílabas, na fileira,
Rimando a primeira linha
Com a quarta, sua parceira,
Mas, antes se ouvia a rima
Da segunda com a terceira.
Saudosa, terna mais apta,
Existe, também, a QUADRA
Cruzando rima em cascata,
Da primeira com a terceira
E da segunda com a quarta.
Que Zé da Luz escreveu:
"Menina dos ôio grande
Vou fazê dos ôio meu
Dois canequinho de frande
Pra bebê água dos teu."
Pelos nossos trovadores,
Foi, também, ela usada
Por antigos cantadores
Até meados do século
Dezenove, com primores.
De Inácio da Catingueira
Com Romano de Mãe D'Água
Que ocorreu numa feira,
Foi, de QUADRA descartada,
Como SEXTILHA, a primeira.
Ao GALOPE A BEIRA-MAR,
Composto de onze sílabas
Sem que se possa notar,
Foi inspirado em Iracema
E outras praias do Ceará.
De improviso, bons artistas,
Os geniais violeiros,
Viam as SEXTILHAS versistas
Como "A Deusa Inspiradora
Dos Poetas Repentistas".
Para atenção despertar,
É no âmbito do cordel,
No conceito como está:
De poesia "Narrativa",
"Impressa" e "Popular".
Hoje pelos cordelistas
Ainda são as SEXTILHAS,
Sonoras, belas, benquistas,
Onde o poeta inspirado
Põe o seu ponto de vista.
Seis versos, linhas, ou pés,
Com sete sílabas, a forma
Na qual põem os menestréis
As fornadas de poesias
Pra comporem seus cordéis.
Com sua rima perfeita
Nas linhas pares que são
A segunda, quarta e sexta,
Tornando, assim, a estrofe
Bem mais poética e perfeita.
Nosso Rubênio Marcelo
No livro "Reino Encantado
Do Cordel", trabalho belo
Sobre o grande Patativa
No paraíso singelo:
Duma sanfona no ar
Era o Rei do Baião
Acabando de entrar,
Cantando a "Triste Partida"
Somente pra machucar".
Deste vate que, com estorvo,
Escreve estrofes pensando
Nas luzes de um mundo novo
Ao lançar como SEXTILHAS
Essas poesias pra o povo:
A sua marcha ao porvir,
Era o projeto Bolívar
Era a "utopia" Martí,
De poder todos países
Da América Latina unir."
Casaldáliga confessou:
Chamaram-me subversivo,
E eu lhes direi eu sou;
Com meu povo em luta vivo,
Com meu povo em marcha vou".
Em eloqüente oração
Dizia Dom Helder Câmara:
Bem melhor do que o pão
É a prática da partilha,
É sua justa divisão".
Carecem, com precisão,
De uma RIMA CONSOANTE
E a correta medição,
Em cada linha, das sílabas
Que soam como canção.
Em TOANTE e CONSOANTE
A TOANTE tem a rima
Incompleta, extravagante,
Rimando fuso e veludo,
Só nas vogais são soantes.
Se escuta os sons iguais
Da sílaba tônica que junta
Consoantes e vogais
Como exemplo, a "PAZ" que rima
Com a bela palavra "APRAZ".
É a METRIFICAÇÃO
Onde as sílabas se conta
Só pela unificação
De sons que juntam vogais
Numa só combinação.
De Castro Alves, o Cecéu:
Se/nhor,/Deus/dos/des/gra/ça/dos
Di/zei/me/voz/se/nhor/Deus
Se/de/li/ro ou/se é/ver/da/de
Tan/to hor/ror/pe/ran/te os/céus."
Das sílabas de cada verso,
Chegando a última palavra
Só se conta até o impresso
Da última sílaba mais forte
Pra concluir com sucesso.
A última tônica evidente:
O/po/e/ta é/um/fin/gi/DOR.
Fin/ge/tão/per/fei/ta/MEN/te
Que/Che/ga a/fingir/que é/DOR
A/dor/que/de/ve/ras/SEN/te."
Ness' arte tão importante
Há a CADÊNCIA do verso
Que não é menos galante
Por dar à dança da estrofe
Um ritmo mais elegante.
São suas sílabas mais fortes
A terceira, quinta e sétima,
Deve haver igual suporte
Em toda estrofe, pra o ritmo
Torna-la mais bela e forte.
A CADÊNCIA vem ao ar
Pelos versos que combinam
As tônicas que fazem par:
Não/perMI/tam/DEUS/que eu/MORra
Sem/que/VOL/te/PA/ra/LÁ.
Já é outra modalidade
Na cultura do cordel
Que, com assiduidade,
Os cordelistas externam
Sua arte, a sagacidade.
Fazem rima na SEPTILHA
São segundo, quarto e sétimo
Que, seguindo a escotilha,
Fazem rima quinto e sexto
Com sete sílabas na trilha.
Eis, em temas diferentes,
Duas estrofes em SEPTILHAS
Que são a livro inerentes,
"Massacre" que é um grito
De protesto de uma gente:
A injustiça ali campeia,
Sofre o homem com estiagem
Ou quando vem muita cheia;
E se um bom inverno dura
Pra produzir com fartura
O preço do grão arreia."
Sem a conscientização,
São presas onde o poder
Legitima a exploração
E, de posse desse lacre,
Impõe ao povo o massacre
E a rapinagem à nação."
Também, usada a granel
São as DÉCIMAS que têm
Desempenhado um papel...
Orgulho dos bons poetas
Que valorizam o cordel.
Rima as dez linhas distintas
Da segunda com a terceira;
A primeira, quarta e quinta;
A sexta, a sétima, a décima;
Oitava e nona, sucintas.
Da poesia popular,
Usada por cordelistas
E repentistas a cantar
Por vezes fechando glosa
De quem quis participar.
Ou o mote, é da poesia.
Cria o espectador
Durante uma cantoria
Pra o repentista incluir
Na DÉCIMA, por cortesia.
Tribuno da raça humana,
Deu e ouviu de Otacílio
Batista o mote que ufana:
"Tenho n'alma as tatuagens
Da minha origem cigana".
Na solidão do deserto,
De um povo que andava incerto,
Tenho n'alma as tatuagens:
São abstratas imagens
De Alá que não se profana;
Dos chefes de caravana
Me orgulho em ser porta-voz:
Os primitivos heróis
Da minha origem cigana."
De dez sílabas cantadas
Por violeiro e cordelista
Com as marcas registradas
Nas leituras do cordel,
Nas falas improvisadas.
Sua história, sua trincheira,
Por onde passaram gênios
Como Gonçalo Ferreira,
Leandro Gomes de Barros,
Ugolino e Zé Limeira.
Por Silvino Pirauá,
Francisco Chagas Batista,
Por Patativa, o Patá,
João Martins de Athayde,
Fiúza, Jorge, Alencar,
Esse gênio dedicado,
Manoel Camilo, Domingos
Medeiros, Cego Aderaldo,
Benedito Generoso,
Manoel Monteiro e Dourado.
Nas histórias de cordéis,
Como as de Zé Lins do Rego
Do Menino e os coronéis,
A saga de Antônio Silvino,
A brava voz das ralés.
Narraram, com precisão,
O sofrimento do homem
Na cultura do algodão,
Na borracha, na malária,
Que enricava o patrão.
Surpreendente, engraçada
Do Pavão Misterioso
Tantas vezes laureada,
As Proezas de João Grilo,
E A Princesa Encantada.
Insano, célere, brutal,
Pelo processo que torna
O homem mais desigual,
O cordel vem se voltando
Para a questão social.
Num instrumento educativo,
Conscientizador de um povo
Que vegeta, inofensivo,
Acorrentado a um sistema
Sem saber que é cativo.
Para o reconhecimento
Dos que em vida lutaram,
Qual era o seu pensamento,
Sua prática como exemplo
No prazer, no sofrimento.
Sua comunicação;
O CORDEL que no passado
Foi o "jornal do Sertão",
E, hoje, é biblioteca,
Cada página uma lição.
Este cordel sem citar
O nome de estudiosos
Os quais pude pesquisar
Os resumos mais seletos
Da Poesia Popular.
Orígenes Lessa, Leonardo
Mota, Rubênio, Ariano
Suassuna, Liedo, Eduardo,
Thelma e Francisco Linhares
Tendo Otacílio de lado.
Do passado e do presente
Fizeram e fazem sua parte
Quer na escrita ou repente,
Conscientizando seu povo,
Dando saber a sua gente.
Francisco Assis Braga e Anatilde Mendes Medeiros, nasceu em
Nazarezinho, Estado da Paraíba, onde cursou as primeiras
letras.
Escreveu várias obras de economia política, poesia
e romance. O seu
mais recente livro 'O CORDEL DO MANIFESTO COMUNISTA" foi lançado
pela
Editora ALFA-OMEGA em maio de 2006.
Já compôs mais de 50 títulos em cordel, a maior
parte versando sobre
educação política: Bertold Brecht, Manoel Lisboa,
Guevara, Anita
Garibaldi, José Martí, Simon Bolívar, Saramago,
Casaldáliga, Castro
Alves, Patativa do Assaré, Zumbi dos Palmares, Canudos, Caldeirão,
Contestado, Monteiro Lobato, Santos Dumont, Dom Helder Câmara,
Margarida Maria Alves, entre outros. Tem vários trabalhos
dirigidos
aos pequenos produtores, entre eles "O Cordel da Apicultura",
"A
Importância da Casa de Farinha" e "A Adubação
Orgânica"