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Literatura de Cordel

Os discípulos do Juiz Nicolau dos Santos Neto

Autor: Luiz Pereira da Costa
poeta@al.to.gov.br




O Brasil vive um dilema
Com tanta impunidade
Ricos ficando mais ricos
E os pobres só na saudade
Uns cada dia mais miséria
De melhorar só na vontade

É escândalo por cima de escândalo
Falcatrua por cima de falcatrua
Os discípulos do Lalau
Brigando no meio da rua
Para ver quem rouba mais
E deixando a nossa Pátria mais nua

A política hoje em dia
Se tornou um novo eldorado
Pois todo mundo que entra nela
Se lambuza em mel melado
São eles que roubam o povo
Sem medo de serem roubados

Exemplos temos aos montes
É só olhar no dia a dia
Uns enriquecendo depressa
Usando a loteria
lavando dinheiro roubado
E ganhado na covardia

Eu vou contar uma história
Que acho muito engraçada
É de um tal Juiz Lalau
Que se fazia não saber de nada
Porém ganhava dinheiro aos montes
Com obras super faturadas

No TRT de São Paulo
O roubo foi tão espantoso
Que o homem se tornou
Um vilão bem perigoso
Fugindo para o exterior
Para se sair vitorioso

Durante mais de cem dias
A PF o procurou
E numa agulha num palheiro
O Lalau se transformou
Vivendo folgadamente
Com o dinheiro que roubou

Movimentaram um verdadeiro exército
Pra prenderem o Magistrado
Mas ele se disfarçava
Em um zorro mascarado
Depois reaparecia
Bem alegre em outro estado

O retrato do Lalau
Na internet foi colocado
Em aeroportos e rodoviárias
“ Procura-se “ também foi pregado
No entanto aquilo tudo
Não deu nenhum resultado

Até que ele fez um trato
Para poder se entregar
Queria uma sala especial
Onde ele iria ficar
Com televisão e telefone
Para seus roubos continuar

De frente com a CPI
Ele negou o seu envolvimento
Diante das acusações
Sem nenhum constrangimento
Em cela especial colocado
Como manda o regulamento

Em outra parte de São Paulo
Um Senador muito ousado
De fazer parte do bando do Lalau
Ele um dia foi acusado
E por indecoro parlamentar
Seu mandato foi caçado

Encontraram nas Bahamas
Uma conta recheada
Em nome de Luiz Estevam
Que era um bom camarada
E quando lhe perguntaram
Ele disse não saber de nada

Disse que o seu patrimônio
Ele havia herdado
De um tio que era barbeiro
E tinha sido abençoado
Com todo aquele dinheiro
E que nada era roubado

Diz um dito popular
Que o mundo é dos mais espertos
Que quem não furta nem herda
Está longe de um acerto
De forma que enrica é merda
Porque o burro morre no parto

Muitos são os maus exemplos
Que certos políticos têm dado
Roubando descaradamente
E dizendo terem herdado
Enquanto o pobre morre de fome
Ou vive endividado

Polícia vira bandido
Prontos para matar ou morrer
Causam pânico em inocentes
Que não podem se defender
E depois que vão para a cadeia
Aumentam mais seu poder

Um tal Deputado Oliveira
Um velha raposa vadia
Ganhou cinqüenta e duas vezes
Usando a loteria
Para lavar o dinheiro dos roubos
Com todas as regalias

Foi acusado por uma CPI
Mais nenhuma prova foi encontrada
Ele se saiu de vítima
Dizendo não saber de nada
E como todos os que roubam
Complementou sua jogada

No estado do Piauí
Um certo coronel da PM
Fazia e desfazia
Matava e mandava matar
Pessoas pobres e desprotegidas
Que não podiam escapar

Depois que foi para a cadeia
Para por seus crimes pagar
Foi para uma cela especial
De onde pode comandar
Seus subordinados e comparsas
Sem precisar se preocupar

Quadrilhas especializadas
Agem como e logo que quer
Empregam muitos adeptos
Homem menino e mulher
Vendem drogas e falsificam documentos
Da forma que melhor lhe convier

Os presídios superlotados
Já não cabem mais os malfeitores
Que são em sua maioria pobres coitados
E vivem passando horrores
Enquanto os quem têm dinheiro
São chamados de doutores

Às vezes me ponho a pensar
Será que Deus é mesmo Brasileiro
E se o homem é a sua imagem e semelhança
Porque viram um desordeiro
Roubando o que não lhe pertence
Do nosso povo tão ordeiro

A tal medida do ter
Nunca consegue encher
Está sempre pela metade
Quem já tem não quer se convencer
Que já possui o bastante
Para poder sobreviver

Enquanto alguns enriquecem
Outros mais pobres vão ficando
Uns sorriem na fartura
Outros de fome estão chorando
Pobre que rouba galinha
Vai preso e acaba apanhando

Deus me livre de entrar
Nessa panela sem fundo
Onde quem rouba muito é doutor
E quem rouba pouco é vagabundo
Enquanto uns comem caviar
Outros se perdem no mundo

Um tal de Hidelbrando Pascoal
Que hoje está na cadeia
Era o dono do estado do Acre
E quando lhe dava na teia
Serrava pessoas ao meio
Dedo do pé à orelha

Pendurava de cabeça para baixo
E deixava lá para morrer
Ninguém ali se atrevia
Aqueles pobres socorrer
Pois acabavam do mesmo jeito
Pobre a feder

Crianças abandonadas
Estão levando descaminho
Vítimas de estrupadores
Ou de grupos de extermínio
Comendo restos de alimentos
Como pobres passarinhos

Até o nosso esporte
Está servindo de gozação
Jogadores só pensam em dinheiro
E chamam de profissão
Se enriquecem de uma hora para outra
E dizem não serem ladrão

Em todos os cantos os maus políticos
Enxovalham sua raça
Roubando descaradamente
Deixando o mundo sem graça
Depois sorrindo do povo
Sentados em bancos de praça

No Norte outra CPI
Mostrou como era desviado
O dinheiro que a Sudam
Deveria ter aplicado
Em obras para ajudar o povo
Que precisa de cuidados

No entanto o dinheiro público
Em outros bolsos foi parar
Servindo para enriquecer ilicitamente
Aqueles que sabem roubar
Não o pobre ladrão de galinhas
Mas o sábio marajá

Na Sudene a mesma coisa
Tendo também o mesmo nome
Muitos enriquecendo imoralmente
Outros morrendo de fome
A seca matando tudo
Pois quem é pobre não come

Enquanto para se eleger
Muitos gastam uma bolada
O pobre sofre no desespero
Sem poder reclamar de nada
A não ser rezar uma prece
Para sua vida ser mudada

Um pobre foi condenado
A quatro anos de prisão
Por ter tirado algumas cascas
De um velho barba-timão
Para fazer um remédio
Pra alguém na precisão

Em outra parte do País
Reservas são desmatadas
Florestas inteiras vendidas
Clareiras são estampadas
Porém ninguém é punido
Pois ninguém pode ver nada

Cartéis são a toda hora
Formados com perfeição
Para fraudarem a previdência
E roubar nossa nação
No entanto estes espertos
Não são chamados ladrão

São chamados de fraudadores
De corruptos e colarinhos brancos
Pois os seus acusadores
São meros cavalos mancos
Como carros velhos aos pedaços
Que só pegam levando um tranco

Na minha filosofia
Eu acredito que a humanidade
Como bons filhos de Deus
Deveriam ver a verdade
Abrir os olhos do mundo
Para não acabarem na saudade

Daqui a pouco só haverá
Um escombro assombroso
Quem é bom vai virar ruim
Um ato bem perigoso
Ou então morrer de fome
Acabando no fundo de poço

Não vou mais me aprofundar
Pra não cair em tentação
Pois acredito que o Brasileiro
Possui Deus no coração
Embora alguns pareçam monstros
Aproveitando a situação.


Luiz Pereira da Costa, natural da cidade de Cristalândia, em Tocantins, nasceu em 20/06/59. Foi para Palmas em 1994, onde reside, depois de ter conhecido 14 Estados da Federação Brasileira e três países da América do Sul. Antes de se dedicar à Literatura, foi garimpeiro e policial militar.
Escreve desde os 17 anos, possuindo em seu acervo cultural mais de 14 livros de poesias, divididos em quatro títulos (Rascunhos de Sentimentos, Paixão Telúrica, O Amor do Platônico ao Profano e O Verso e o Reverso da Poesia). Tem 15 Romances escritos, 216 histórias na categoria Cordel. Foi premiado com o 2º lugar no Prêmio de Poesias da Revista de Brasília em 1989, 1º colocado no concurso de Poesias da SHAN Editores, pela Cofraria de Poetas de Porto Alegre-RS, em 1999, 82º colocado na coletânea de poesias intitulada Timor Esperança, como uma homenagem ao país Timor Leste, sendo essa coletânea de poesias dirigida a todos os países que falam a língua portuguesa, editada também pela SHAN Editores de Porto Alegre – RS. Escritor e Compositor, Artista Plástico e Poeta Cordelista, Luiz fez de tudo para editar uma de suas obras literárias dentro de Palmas, conseguindo somente agora. É o atual o Presidente do Clube de Escritores do Estado de Tocantins.