Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI

 

Formiga voa

 

Bruno, quatro anos de idade, inventivo e curioso, domingo passado pediu que a avó fizesse aviõezinhos de papel – um para ele e outro para o priminho João, um ano mais novo que ele. Então, foram realizar voos pela varanda.
Os olhinhos dos pequenos começaram a seguir os aviõezinhos de um lado para o outro, para cima e para baixo, com  gritos altos quando conseguiam ultrapassar a copa de uma pequena mangueira que havia em frente a casa.
No chão, havia folhas secas e as crianças decidiram colocá-las em cima dos aviões. Contudo, eram pesadas e os brinquedos de papel não alcançaram voo. Havia também um formigueiro embaixo da mangueira. Algumas formigas trabalhavam levando comida para armazenar, pois logo mais à tardinha parecia que iria chover.
Quando os meninos tiveram a ideia de colocar formigas nos aviõezinhos? Onde estava a avó das crianças que não via tamanha maldade com os pobres insetos?
Os dedinhos rechonchudos e pequenos tiveram o cuidado de pegar nos animais, e colocaram uma formiga em cada avião antes de erguerem os braços movimentando-os para impulsionar os brinquedos no ar – as formigas tão pequeninas e amedrontadas seguraram-se no papel como puderam... E elas mesmas gritaram de euforia ao se verem em pleno ar, sentindo o vento veloz no rosto, crescendo, crescendo e depois parando até que o objeto em que estavam caiu ao chão.
As formiguinhas então, com suas perninhas finas, caminharam para fora dos aviões, mesmo que um pouco atordoadas, que mais pareciam querer fugir dos meninos. E era verdade! Que as crianças ainda queriam brincar um pouco mais...
Ah, mas neste instante, a avó os chamou para um lanche – que criança adora bolo de chocolate e deixa os brinquedos esperando ou leva-os nas mãos! Mas aqueles aviõezinhos ficaram no chão da varanda por uns minutos preciosos (tempo suficiente para as formigas se esconderem, entrando debaixo de algumas folhas secas, pousadas no chão) enquanto João e Bruno corriam para a cozinha... Zump-zump!

 

 

 
Conto publicado no livro "Contos de Outono" - Maio de 2018