Júlio César Freid'Sil
Arraial do Cabo / RJ
Pôr do sol
Caminhar pela orla como quem busca um nada. Formatar a mente dos tropeços e dar o recomeço como quem acaba de ser parido. Sim, me deram a luz. Eu posso sentir n'alma esse brilho intenso de bem querer e afago nas minhas incertezas.
Isento da culpa de ter falhado na fatídica quimera de ser feliz, percebo a brisa beijar-me a face, o corrimão oferecer-me sua base e o fim de tarde tornar-se um espetáculo sublime de se ver.
Realmente é um abono, primeiro dia de um outono que quer me resgatar. Mostrar que até vale a pena, quando a alma não está pequena e anseia amar. Um suspiro profundo, olhando esse mar, parece um mundo. E está sereno aos meus pés. Olhando por esse viés faz sentido, pois tenho sentido bem dentro de mim, algo que não quer meu fim, que não quer agonizar com a decepção, com a desilusão. Não!
Parece que esse pôr do sol quer me envolver, fazer-me ver além do horizonte. Uma chance, quem sabe de um lance, tudo se transforma. Ganha outra forma, desabrocha um botão...mas aí já será uma outra estação.
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