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Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI

 

  Depois do vento da manhã

           

O sol forte de verão entrou pela janela aberta do quarto. No meio do recinto, uma cama coberta de uma colcha de retalhos e uma jovem deitada nela. A dona da casa parou perto da janela e a abriu. Isso fez com que o ambiente, agora, ficasse toda iluminado pela luz do sol.
- Vamos ver se com este sol você levanta e vem me ajudar, minha filha!
Moravam sozinhas numa casinha simples. Em frente a esta, um ipê ainda mais brilhante que o sol. O vento parecia querer brincar no capinzal por todos os lados – e vários ramos altos se remexiam à beira do caminho quando Mariana passou em direção ao rio. Ela fora lavar a roupa enquanto a mãe saíra em intenção de ir ao mercado comprar uns mantimentos que faltavam.
Mariana andou calma sobre a areia solta de fim de setembro. Havia cantos de pássaros e folhas secas ao vento. Algumas flores do ipê surgiram, mas não subiram nem desceram no chão: arrastaram-se atrás de uma leve brisa que viajou em direção ao rio. Que jeito delicioso de iniciar um sábado! Seu olhar voltou-se para as pernas com prazer pelo movimento da saia curta, admirando a pele morena. Ela abriu os lábios e sua respiração se acelerou um pouco. Como a noite anterior fora boa! Ah, Luiz José!

- Quero outro beijo - e a puxou de encontro ao corpo dele.
- E você acha que eu também não quero? - falou sorrindo e teve um brilho especial nos lábios, como se tivessem sido molhados pela língua.
Com os olhos fixos nele, Mariana ergueu uma das mãos e correu os dedos pelo rosto amado. E lhe veio aquela velha sensação de que ele era o homem mais sexy que conhecia. Baixou a mão ao longo do corpo, mas levou uma das dele com a dela e parou somente quando sentiu a calcinha. Então, recostou-se mais no corpo do homem e notou que ele lhe fazia um carinho mais ousado.
- Gosto disso - a voz dele parecia rouca - E você pode tocar-me à vontade.
As palavras dele saíram espontaneamente e ela sorriu.
- Sou louca por você - murmurou passando a língua pelos próprios lábios carnudos. Depois, colocou lentamente a mão por dentro da camisa dele e deixou os dedos sentirem a pele masculina.
Ele ficou parado, com a respiração acelerada.
Com cuidado, para não quebrar o ritmo do pulsar das veias dele, ela colocou a outra mão no cós da calça dele e foi desabotoando o zíper cuidadosamente.
- Ah! Mariana, Mariana! Depois, depois... - ele disse ofegante, com as mãos agora presas aos seios dela.
Ela sorriu alto, e ficou com os lábios próximos aos dele. O homem olhou rapidamente a boca dela e sugou aqueles lábios que lhe foram oferecidos.
Seus olhos se fitaram novamente. Eles tinham uma cor e brilho próprios dos amantes – afogueados.

Ai, meu Deus!... Que assim não se fazia nada!
- Mas hoje eu vou estar sem medo de ser amada por ele, completamente - Murmurou para si, já perto do rio.
Deu um sorriso e colocou os pés dentro da água para lhe sentir a temperatura. Era realmente uma delícia: morna, com os reflexos do sol, tudo com um vento brando arrastando a superfície da água para o encontro das margens do rio, antes do calor do meio-dia! Ela balançou a cabeça e se lembrou de que depois do vento da manhã tudo seria quente, intenso. Sim, depois do vento da manhã. Então, recordou-se dos dedos de Luiz José em seus seios e estremeceu de prazer: ávida por mais carinhos.
Suas mãos desceram pelas coxas e sentiu um formigamento subir pelas pernas... E, novamente, os movimentos rápidos das veias no corpo... Ah, fechou os olhos e sentiu um calor por dentro, no coração.
- Eu o amo! - e começou a separar as roupas, por cores, para lavá-las.


 

 
 
Conto publicado no livro "Contos de pura sedução" - Janeiro de 2017