Maria José Zanini Tauil
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Não foi um julho qualquer

 

Era julho e eu estava em flor. Nada sabia da fugacidade do tempo, não aceitava o frenesi das horas, não compreendia voltas e revoltas da vida.Tudo em mim era pulsação. Amava sem saber que era amor.
Era  tempo de transformação, de pensamento inquieto contaminado pelo fascínio de viver dias de juventude.
Era julho... como esquecer?  Por isso nosso inverno virou primavera, nessa vida tão elástica e vertiginosa.
Então,  minha boca colheu  beijos da tua boca, que se fizeram eternos...
Hoje encontro a luz intensa dos dias idos, daquele mês ritual. Imagens e percepções revolvo nos confins  da memória...e,  então, encontro teu rosto do passado e do presente. Percebo, feliz, que a tua doçura permanece...
Tantos julhos se foram...verdade! Mas a ampulheta da vida nos congelou. Para nós, o tempo parou naquele baile de três de julho de mil novecentos e sessenta e seis.

 

 
Poema publicado no livro "Contos Urbanos" - Abril de 2018