Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

 

Quase Natal

 

Do meu jardim aprecio algumas árvores no quintal do meu vizinho. Elas são, nesse momento, embaladas por um vento suave, mais forte do que uma brisa, porém generosamente afetuoso com a vegetação. Ele passa por entre os galhos, retirando as folhas mortas, amarelecidas, mas sem fazer mal algum aos ninhos dos pássaros, nesta época abrigando seus filhotes.
Comparo esse vento a uma dona de casa que varre cuidadosamente o piso, seja ele de terra batida, de tábuas ou de porcelanato. A rainha do lar passa a vassoura com suavidade para não levantar poeira ou para não arranhar o que lhe custou caro. É quase um carinho.
Pois então, esses zéfiros como chamamos os ventos que limpam as árvores e refrescam o ambiente, lembram-nos o Ruah, que renova nosso espírito, que passeia pelas nossas células, transformando-as, revitalizando-as. Este Ser, que, como o vento, não vemos, mas que se mostra por inteiro quando refrigera a nossa alma, acalentando-a e demonstrando que ainda há esperanças dentro do nosso coração. Vivamos, portanto, esse tempo de Advento com muito amor e alegria. Tudo busca uma renovação. Já é quase Natal! Feliz Natal!

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Contos de Verão" - Edição 2019 - Fevereiro de 2020