Maria Rita de Miranda
São Sebastião do Paraíso / MG

 

 

Marinheiro de primeira viagem

 

 

          Como é gigantesco! Esta foi a exclamação ao me aproximar do navio que nos levaria a uma viagem curta, mas inesquecível. Os passageiros, um a um, iam embarcando e no rosto de vários deles notei a mesma sensação do primeiro cruzeiro marítimo. Os tripulantes nos receberam bem e já de primeira, fomos conhecer algumas partes do navio. Em tudo era uma sensação de grandiosidade: a recepção muito bonita, os bares, restaurantes e cafés bem montados, os deks com enormes corredores e suas cabines dos dois lados.
          Depois a voz pelo alto falante convidando a todos para subirmos para o patamar das piscinas, pois o navio, dentro de pouco, zarparia. Que bela visão da parte mais alta do navio: de um lado o porto de Santos, do outro o mar aberto nos aguardando. Quando o navio se movimentou ao som de uma buzina ensurdecedora, fomos aos poucos nos afastando e ganhando a imensidão do mar.
          A noite transcorreu tranqüila. Nem percebíamos que o gigante branco se movimentava sobre as águas, agora negras, reflexos da noite.
          Ao amanhecer um claro e quente sol deu um toque azulado às águas marinhas. Foi um dia de esbarros pelos corredores, erro ao pegar os elevadores. Coisas de marinheiro de primeira viagem. O navio ficou atracado perto de Búzios e seus passageiros podiam ir de lanchas até a margem e lá desfrutar da pacata cidadezinha ou visitar suas praias.
          Navegamos até uma praia particular na região de Angra dos Reis. Novamente podíamos nos locomover de lancha e nos deliciar com o sol escaldante em nossos corpos, sentindo a sensação da água salgada e fria a nos refrescar.
          Nas tardes quentes as piscinas do navio se tornavam o lugar preferido dos passageiros. Uma de água bem fria e com cascatas que eram verdadeiras duchas a nos massagear. Outra com água aquecida e borbulhas que nos proporcionava uma deliciosa sensação de bem estar e relaxamento.
          As noites embaladas por jantares em ambientes acolhedores nos possibilitavam a companhia de outros viajantes. Depois íamos assistir aos shows num teatro bem grande e animado. Tivemos a oportunidade de assistir a uma comédia e três musicais. Todos muito bons. Participamos de um coquetel com o comandante  e tiramos fotos com ele. Foi tudo muito mágico. Primeira vez!
          A volta para o porto de Santos foi mais rápida e sentíamos o navio se movimentar nos embalando como em berços de bebês.
          Hora do desembarque. Mais uma vez trançar de pessoas, despedidas, compras das fotos e a certeza de que aquela seria mesmo uma viagem inesquecível.

 

 
 
Poema publicado no livro "Contos de Verão" - Edição 2019 - Fevereiro de 2020