Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

Vida citadina

 

Não entendo por que razão as pessoas se sentem tão sós e perdidas na cidade. Pois a cidade contém todos os mundos: o mundo da selva, da roça, do sertão…das megalópoles, do universo, do coração.
Somente uma explicação para isso, encontro em minhas meditações: acho que o que é grande demais, assusta o homem, pois em sua natureza, ele acha que não será capaz de ocupar todo o seu grande vazio interior.
Não entendo o motivo pelo qual as pessoas se sentem tão sós e perdidas…Pois a cidade contém todos os mundos e também seus submundos: o da miséria, da ignorância, da ingratidão, da dor, incompreensão, dos carros velozes, da violência que nos viola…da viola que nos acalenta.
A cidade amanhece sorrindo, cheia de esperanças, fingindo não se lembrar do que aconteceu na escuridão, no outro lado do dia, pois é curta a sua memória. Cada novo dia é sempre um dia novo e único! E assim ela vai se espreguiçando dia adentro, cada vez mais veloz, frenética!!! Ó cidade! Alvorada de meu fim.
Agora a noite penetra em suas entranhas e ela adormece a nossos pés. Em suas veias (artérias corroídas), o sangue flui agora lentamente. Mas alguns de seus filhos insistem em permanecer acordados, alertas (alguns só agora estão despertando).
Por que será que não somos felizes, com tanta felicidade acumulada à nossa volta?
“O homem tem medo de ser feliz.” Já disseram isso…Como também já disseram tudo o mais acima.  

 

 

 

 

 
Poema publicado no livro "Data venia!... E tenho dito!" - Contos - Março de 2018