Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI

 

 

Medo de mariposas

 

Alissa, cravando um olhar zangado no primo, pergunta se ele não tem medo de mariposas grandes. Então, numa resposta negativa, ela dá de ombros, repentinamente.
- Não te entendo! - fala triste e sem fôlego.
E numa adrenalina própria das crianças corre para o quarto da avó. Por que estava tão triste? Bruno já tinha demonstrado que era audacioso (coisa de meninos!?). Só porque ele é maior que eu, ora bolas! Não deveria mesmo assim ter receio de bichos? Ainda mais aquele tipo de inseto que fica voando às tontas perto da lâmpada da sala...
Seus pensamentos são tão visíveis em seus olhos grandes, que numa atenção a ela, nota-se que não está bem.
- O que minha menininha tem? - murmura, preocupada, a avó.
A intenção da pequena é tão evidente. Fugir para um mundo dela, debaixo dos lençóis.
O quarto tem o aconchego de sonhos bons que a confortam, o tecido macio – cheiro de alfazema da avó. Fica quieta, assuntando o que os outros fazem. A avó caminha em direção à cozinha e Bruno é um silêncio –  talvez na sala admirando a mariposa, com seu voo atrapalhado. Continua escondida, debaixo do lençol, sentindo o coração acelerado. Não a viram com medo? Ela levanta o pano e olha na direção da porta.
Neste exato momento a mariposa entra no quarto. e Bruno vem ela.
- Cuidado, prima! Ela voou para cá!
E na alegria do menino, Alissa reúne coragem, sem nem notar, e está lá rodopiando no quarto, braços abertos, como se fosse uma mariposa... Afinal, criança é feliz brincando!

Noite de barulho
As crianças quando brincam
Não querem parar

 

 

 

 

 

 

 
Poema publicado no livro "Data venia!... E tenho dito!" - Contos - Março de 2018