Maria Ioneida Lima Braga
Capanema / PA

 

 

Nossa canção

 

A canção chegou era manhã. 
E a vida respondeu sorrindo com a alegria de amar, sonhar, viver.
Um sonho saboroso buscava gosto, bem mais além das nuvens.
E rescendia por sobre os cumes meu espiral de suspiros.

Era uma canção de paz de espírito.
Revigorando a alma e flamejava a aurora  da vida.
A canção falava e eu calava extasiada, amando tanto,
Que era como se violinos vivessem espalhados por todos os cantos.

Era a canção dos sonhos, da esperança.
A canção da poesia, a poesia que fiz para nós.
O peito explodindo, fazendo do coração as vontades.
A vida sorrindo, abraçada num só olhar.
Quem vive em estado de amor, simplesmente faz a vida flutuar.

E no doce engano de ser dona do tempo, quando vi já era noite.
E a canção perdeu-se num rodopiar sereno como pena soprada pelo vento.
E no aconchego do silêncio.
A canção tornou-se apenas notas roucas. 
Molhando às sombras o canto da boca.
Onde outrora foi o riso que levou meu coração ao céu.

E na brisa fria das madrugadas .
Invade a janela a nossa canção.
Queria poder defenestrar o sonho, mas não posso...
E assim como escuridão de cárcere tranco a sete chaves no coração.

 

 

 

 
 
Poema publicado no Livro "Explode Coração" - Edição Especial - Outubro de 2018