Regulamentos Como publicar Lançamentos Quem somos Edições anteriores Como adquirir Entrevistas
ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 21 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Maura Soares

Quem sou
Nasci em Florianópolis, SC, no dia 7 de janeiro de 1943, numa casa alugada pela família, à rua General Bittencourt, 24. Sou Licenciada em Letras – Português e Inglês(UFSC) e em Pedagogia – Habilitação Supervisora Escolar, pela UDESC.


Interesse pelas Letras
Desde jovem fui acostumada com livros. Embora não fosse um lar com posses, sempre tínhamos livros para ler. A minha iniciação literária foi com os romances de M.Delly e Pollyana. Escrevia, aos 14/15 anos, poesias, mas escondia, pois sempre fui muito reservada, talvez pela característica do meu signo – sou Capricórnio – e os capricornianos, dizem os entendidos, são solitários e reservados. Ensaiei também, a partir dessa época da adolescência, pequenos textos que não posso classificar como contos ou crônicas, apenas como exercícios em prosa. Acho que o gosto pela leitura vem pelo incentivo da família e o ato de escrever todos têm capacidade, mas há aqueles que conseguem se expressar melhor que os outros, com começo, meio e fim em seus escritos. A arte tanto literária quanto expressa em pintura e escultura é um dom divino e somente as pessoas sensíveis conseguem se expressar nessas manifestações. Mesmo que eu não consiga tocar nenhum instrumento musical, aprecio as pessoas que têm habilidade para piano, violino, violão, cavaquinho e fico extasiada quando assisto ou escuto um virtuose.

Relação entre a vida e obra
Sempre tenho em mente que, quando o poeta se expressa, ele se desnuda por inteiro e é sempre verdadeiro naquilo que transmite em suas obras. Mesmo quando escrevo contos ou crônicas com histórias fictícias, há sempre um fundo de verdade ou alguma coisa tirada da minha realidade. O autor, seja ele teatral, jornalista, escritor tem um compromisso com a realidade que o cerca, sendo o coadjuvante das coisas que o rodeiam seja na política, seja na vida social. Ele tem o poder de desvendar e o direito de denunciar, como cidadão, as coisas erradas à sua volta, apresentando soluções, pois se você não é parte do problema, é parte da solução. O jornalista, principalmente aquele que tem coluna diária em jornal, deve, tem a obrigação de olhar à sua volta, participar do cotidiano de sua cidade e apresentar as coisas que ele acha erradas, sem se ater a vínculos político-partidários. Tem que ter autenticidade em tudo que escreve.

Autores preferidos
Sempre gostei de ler os nacionais e estrangeiros Pablo Neruda, Garcia Lorca, Jorge Amado. Cecília Meireles, Thiago de Castro, Ruy Castro com seu “Anjo pornográfico”, é imperdível. Atualmente dedico-me a ler os autores catarinenses: Júlio de Queiroz, Hoyêdo de Gouvêa Lins, Lindolf Bell, Leatrice Moellmann, Arita Damasceno Pettená e outros. São contistas e poetas, no meu entender de primeira linha que não possuem espaço na literatura nacional. Na minha adolescência lembro-me de ter lido Hermann Hesse, Michel Quoist, Isaac Asimov, Edgar Alan Poe(deste autor, ontem reli O Poço e o Pêndulo, numa coletânea que meu filho comprou, pois não tenho mais o livro). Li também peças teatrais, Plínio Marcos, Bertold Brecht, Ariano Suassuna, pois fiquei no Grupo Armação por 13 anos, atuando nos bastidores e também tenho escritas peças infantis e adultas(cerca de 30) das quais 15 já foram encenadas(infantis) pelo Grupo Independente. Foram muitas as obras que leria de novo, tais como Capitães de Areia, O advogado do diabo, Abadia dos beneditinos, e as obras de Júlio de Queiroz O preço da madrugada, Encontro de Abismos, O esplendor aprisionado, Placidim e os mongens, enfim, do Júlio eu leria todos novamente, falta-me tempo.

A CBJE
Conheci a CBJE através de Márcia Reis Bittencourt. Fiquei impressionada com a primeira antologia que me mostrou e decidi entrar no site. Para mim foi maravilhoso, pois em sendo supervisora aposentada, não sobra dinheiro para publicar meus escritos em obra própria embora tenha uma editada pelo poder público municipal, contando a biografia dos patronos da Biblioteca Prof. Barreiros Filho, de Florianópolis.

Para quem está começando
Um conselho que dou a todos aqueles que passam e-mails para mim pedindo opinião sobre suas poesias: Leiam, leiam muito. Quem lê bastante tem capacidade de se expressar, sabe colocar as idéias no papel, sabe discernir sobre coisas boas ou ruins, sabe ver qual obra vai servir para alimentar sua alma.
...
Em contato direto com o falecido poeta Lindolf Bell, quando eu trabalhava no Conselho de Cultura do Estado – Lindolf era um dos conselheiros e tinha acesso direto com o antigo Jornal de Santa Catarina, ele me dizia: Maura, tenha sempre por perto um bloco, uma caneta. Quando as idéias vierem à sua cabeça, anote, pois as idéias nos traem. Eu escrevia, ele lia e levava para publicar. Assim acontece comigo, às vezes, até quando estou limpando a casa vem uma frase na minha cabeça. Paro tudo, pego um papel, caneta e escrevo. As palavras vêm aos borbotões, às vezes sem pontuação, como uma febre. Diria que é inspiração. Sempre tenho na bolsa mais de uma caneta e um bloco que tanto serve para anotar números de telefone quanto para anotar as idéias. Alguns contos e poesias publicados no ano de 2007 pela Câmara foram feitos diretamente no computador, na ficha de inscrição. Há dias em que não consigo escrever nada, mas há aqueles dias em saem textos um atrás do outro como no caso de um livreto que fiz artesanalmente intitulado “Não intica co´a bucica” – sobre o falar ilhéu da Ilha de Santa Catarina, que fiz em poucos dias. Repito o que disse acima, leiam desde bula de remédio até gibis.

Contato:maura43@brturbo.com.br