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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 21 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


João Carlos Tórtora

Quem sou eu
Na minha bonita e querida cidade Petrópolis – RJ, nasci em 9 de setembro de 1948. Como na época tudo caminhava devagar, só fui registrado 4 meses depois, em 9 de janeiro de 1949. Recebi nome de presidente, príncipe e rei - João Carlos e os sobrenomes das minhas descendências italiana, portuguesa e africana – Oliveira Tórtora.
O nome completo só uso em documentos oficiais, pois o tempo foi fazendo com que eu fosse João, Professor João, Professor Tórtora, Tórtora, João Tórtora Microbiologista e outros. Só não gosto de ser “Tio João” porque é marca de arroz, parece coisa de comer.
Não decepcionei! Fui aluno brilhante em todos os níveis de escolaridade. Sou oficial da reserva do Exército Brasileiro, Especialista, Mestre e Doutor em Microbiologia.
Aos 26 anos de idade iniciei a carreira de professor universitário que me permitiu atingir todos os níveis e cargos docentes mais almejados – Professor Titular, Orientador de Pesquisas, Consultor Científico, Supervisor, Coordenador, Diretor de Instituto de Pesquisas Biomédicas, Presidente de Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos e, principalmente, a certeza de ter ensinado a 12.000 alunos.
As atividades docente e científica deram-me a oportunidade e experiência de publicar dezenas de artigos em revistas e jornais científicos, no Japão, Estados Unidos, México e Brasil.
Por necessidade, fui desenvolvendo a capacidade de comunicação escrita e falada ao longo desses anos o que me facilitou participar de diversas entrevistas em jornais, revistas, programas de rádio, televisão e Internet. Este conjunto, até o momento, constitui a minha principal obra curricular.
Aprendi que com a técnica é possível escrever um bom texto e com o dom é possível escrever um texto muito bom. Porém, só com a técnica e o dom é possível escrever um texto excelente.

Não há dom que não mereça e não deva ser aperfeiçoado
A versatilidade que a profissão e os anos me deram impulsionou-me para outras aventuras. O caminho das letras talvez já existisse em meu acervo genético pois, até a geração dos meus pais, diversos antecedentes dedicaram-se à música.

A poesia é a musica na sua expressão escrita
Hoje, eu e meu irmão Paulo escrevemos e outro, Luiz, pinta. Acredito que esteja desreprimindo um gen recessivo que possa se tornar dominante e abrir-me um novo horizonte, senão de sucesso profissional, ao menos de satisfação pessoal.

E vou caminhando...
Somente em 2006 iniciei o que talvez possa, algum dia, ser uma obra literária versátil em contos e poesias. Agrada-me escrever e esta atividade vai, na medida que o tempo permite, se tornando um hobby necessário. É uma terapia cujo principal retorno pessoal é a prevenção do estresse e a satisfação de ter o incentivo e a crítica sincera de desconhecidos, familiares, amigos e, principalmente, da minha mulher Yvone que ouve atentamente duas, quatro... dez vezes o mesmo texto e mostra, em todas elas, as mesmas expressões de surpresa, contentamento e aprovação.
“A minha mulher não é uma crítica especializada mas, da forma que ela faz, é uma grande incentivadora e isto é o que vale”

Todos podem criar uma arte mas...
A escrita requer o domínio das regras gramaticais, da correção e diversificação dos vocábulos e o treinamento em leitura e redação, em busca de um estilo próprio. Com as facilidades oferecidas pela Internet as tarefas se tornaram mais fáceis e ágeis e o computador vive a sublinhar e a grifar em vermelho o que ele julga estar errado. É o primeiro crítico.
Vejo uma nítida diferença entre o poeta e o escritor de contos. O poeta é uma pessoa sensitiva e intuitiva e pode criar uma poesia em um momento de inspiração. O estilo moderno, livre das rimas e metrificações lhe dá plena flexibilidade e liberdade para a expressão da sua arte. Quando escreve, está em um estado de semi-transe, parece ser transportado para um mundo irreal e está certo que algo maravilhoso será concebido. Já, o contista, tem que articular melhor as suas idéias. Também é uma pessoa intuitiva mas, tem que ter mais domínio da técnica de redação, criando e destruindo personagens, envolvendo-os em suspense, ironia, tragédia, comédia e escolhendo as vertentes que lhe permitam prender a atenção do leitor. Com o tempo desenvolve um estilo próprio, que reflete a sua própria personalidade, assumida ou não.
“Em todos os estilos literários é o conjunto dos atributos que confere o grande diferencial permitindo que se crie a arte... que surja o artista”
“A arte é a materialização de uma sensibilidade em um nível superior de qualidade, é um estágio da perfeição. Todos podem criar uma arte mas, a sua criação repetida só é possível para alguns”

Compromisso com a verdade
O escritor está compromissado com a verdade. Não a verdade que se espera dele mas, a sua verdade real.
Todos são mais verdadeiros quando assumem e expressam as suas fantasias. A verdade humana não se revela no comportamento estereotipado de cada dia e, muitas vezes, morre com a pessoa sem ter aflorado, sem ter sido conhecida.
O escritor, o músico, o pintor, o escultor têm as ferramentas e a sensibilidade para mostrar as suas verdades. Eles fazem da sua arte um divã que conduz ao seu auto-conhecimento.
O lirismo, a espontaneidade e a musicalidade das poesias de Vinicius de Moraes sempre me impressionaram, assim como o realismo e o vigor dos textos de Nelson Rodrigues. Estes autores povoaram a minha juventude de poesias e verdades e me permitiram identificar estilos literários marcantes e pessoais. Vi em Vinicius uma poesia construída com palavras comuns, simples, diferentes das usadas pelos poetas portugueses que sempre estiveram nas páginas dos meus livros. Parecia ser muito fácil... pura inspiração. Já em Nelson Rodrigues eu sentia o perfeito domínio do texto que lhe permitia usar palavras e expressões que, em outras mãos, o tornariam chulo e vulgar.
A minha carreira literária, não-científica, ainda vem sendo construída em investidas temporárias, sem a dedicação que espero ter. Mas estou certo que o que escrevo retrata a minha verdade e sofre a influência desses dois grandes escritores.

O que leio... como leio
Leio certos textos de autores famosos largando-os pela metade e leio e releio autores desconhecidos, com a avidez de quem não os leu. Entendo que na área literária, como em outras áreas, o mérito do sucesso de diversos autores está atrelado a um eficiente programa de marketing. A transparência e exposição são, muitas vezes, mais importantes que o talento.

A CBJE
A Câmara Brasileira de Jovens Escritores é um fórum altamente democrático onde os escritores se misturam, independentemente, da sua faixa etária e estilo literário. Eu identifico, nas antologias da CBJE, textos acabados, lapidados, com grande esmero literário e outros quase selvagens, com uma potencialidade literária embutida ainda prestes a aflorar. A facilidade e espontaneidade com que os autores passeiam pelas páginas permitem uma fusão de textos clássicos e modernos que assinalam as tendências e registram o momento literário atual brasileiro. Estes são os principais objetivos e compromissos, plenamente atingidos pela CBJE.
Conheci a CBJE através do meu irmão Paulo, que já publicava e tenho feito dela a minha referência literária para leitura e publicação. Acredito que a maior premiação para o autor que inicia é o reconhecimento da qualidade dos seus textos por um Conselho Editorial experiente e a possibilidade de ter os seus textos ocupando as mesmas páginas de autores consagrados e experientes. Isto permite uma avaliação crítica e crescimento mais eficientes e rápidos.

Algumas palavras para quem está começando
Fazem parte da minha personalidade o ceticismo e o realismo. Por isto, penso que os iniciantes na arte de escrever não devem esperar o reconhecimento e o retorno material que lhe permitam o sustento livre de outra atividade profissional.
Em geral, o reconhecimento profissional dos artistas não gera lucro para ele mas, só para os seus descendentes.
Trecho de “ O Prefeito”, publicado no 1º Volume de Palavras Verdes – janeiro-fevereiro de 2008 – CBJE
(...)
- A minha gestão conduzirá este esquálido limite telúrico à condição de metrópole internacional.
- O Zé! Tu tá entendendo?
- Craro que tô Zé! Gestão é mulher embuchada, esperando fio!
- Não, Zé! Ele falou que se ganhar vai dar um leitão! Ou será um jeitão? (...)


Contato:joaotortora@gmail.com.br



João Carlos Tórtora
lançou em 2008, pela CBJE,
seu primeiro livro de crônicas:
Personagens Crônicas