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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 21 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


José Luiz da Luz

Quem eu sou?
Eis uma difícil definição: meu nome é José Luiz da Luz, mas o que é um nome, pois o que mais importa é a essência do ser! Corri muito mundo, roças rocei, sangue e lágrimas verteram, mudando sempre de pendão, de vida e de sendas! Sou poeta e como poeta vivo e sonho, e respiro os últimos hálitos de Álvares de Azevedo, Castro Alves, Victor Hugo e Shakespeare. Deliro como Byron sob o spleen às glórias sem nome.
Quem eu sou? Fui níveo poeta na adolescência, romântico na juventude, sou hoje um buscador solitário às sombras de todas as estrelas, que busca uma réstia de luz fitando o arrebol; ademais esse peregrinar só trouxe duas bandeiras: saber da minha cegueira, e saber que a única coisa que existe é a alma. Tenho um sonho que delira, tenho uma lira que é minha alma de poeta... Deles, transcrevo e prescrevo minhas letras manchadas do que sou...
Nasci no dia 04 de setembro de 1964 na cidade de Ipiranga-Paraná. Tenho o curso de Direito e Ciências Contábeis incompletos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná. Hoje atuo como Técnico de Operação Industrial na Petrobras de São Mateus do Sul-Paraná.

Meu interesse pelas "letras"
Surgiu o interesse em escrever desde a pré-adolescência, quando ainda tímida e despida a minha alma questionava as primeiras impressões do mundo, ora ria, ora chorava. Deparava-me com um intrínseco conflito entre minhas diversas faces, além de ver que muitos adultos pareciam inexatos, sonâmbulos. Minha percepção do mundo içava minha alma de poeta às dores, ouvindo sussurros de fome, sede e frio dos que têm as calçadas como berço, e o devaneio dos que têm os olhos ofuscados pelo brilho do ouro.
Perdoem-me escritores românticos, ademais os acordes doridos da minha lira continuam, porém mais sensitivos. Reações naturais de uma alma às vibrações dos sentimentos e emoções, no altar do subjetivo e do objetivo, da beleza e do mistério.

Arte...
Arte é a expressão material do que temos no espírito, através de cores, letras, formas, etc.

Mais do que um dom
Escrever é um dom, mas para mim é mais do que um dom! E o que poderia ser maior do que um dom? Uma missão e um estado de espírito.
Não vejo como separá-los da necessidade de escrever, uma coisa requer a outra. Se há um dom, missão e um estado de espírito, existe a necessidade de expressar isto, e se isto não for acontecer, haverá um conflito interior ainda maior.
Escrever é o meu sagrado paradoxo: é minha fuga, ao mesmo tempo é meu caminho. Quem tem alma de poeta entende o que é isto!
Não escrevo puramente pelo contexto da beleza, não escrevo levianamente. Primeiro sinto no espírito, depois transcrevo. Poesia composta sem sentimento é uma semente oca, uma flor sem perfume, um galho vergado sem seiva e sem frutos.
A poesia é um fluido íntimo de nossa alma com tudo que nos comove, as cavernas mais íntimas, entre a beleza, a dor e o mistério. Vê se no riso amargo daquele desnutrido, se no afogo dos mártires, se nos lábios lascivos não há poesia como no cintilar desvairado dos raios. As dores do espírito corroem mais do que àquelas da carne.
Muitas vezes rolaram lágrimas em minha face compondo ou lendo minha própria criação. No meu livro “Lira Romântica”, a poesia “A Partida” eu não me atrevo a ler em voz alta, não consigo sem que meu peito se amarre, minha boca fremente emudeça, dos meus olhos rolem lágrimas, não! Não consigo ... não! Porque trata-se de uma homenagem para minha irmãzinha Nelci Terezinha que faleceu na infância. Leio apenas com os olhos, mas com peito dorido e alma amarrada.
Escrever é o alimento que sacia ou que anestesia as dores da minha alma, é como o sol, a água, que nutre o corpo físico.

Relação vida/obra
Minha vida às vezes tumultuosa, férvida, arquejante, às vezes deleitável, eis o meu drama.
Minhas mãos se desvaria nos sentimentos e emoções da alma, se não o fora eu deixaria correr morno meu sangue. Romeu fugiria de Julieta, odiaria Desdêmona, açoitaria Quasímodo, viria a ser a minha própria vítima.
Em minha obra há muitos mistérios da minha alma. Alma que lembra das vivências, ouve as harmonias do universo, vê o imaterial, pressente o intocável. Afinal, o poeta é um ser humano que escuta a própria alma, que encerra em si toda atividade existencial dos planos, que ama, que sente, que pensa ... No afogo das ilusões materiais, a alma é a única coisa que existe.

Verdade ou fantasia?
Quem sabe onde está a verdade? Onde termina a verdade e onde começa a fantasia? A verdade estaria, quiçá, nos sentimentos e emoções do poeta; nas orações ou visões dos profetas; nos cantos de David; nas miragens dos desertos, no lívido corpo sem vida?
Minha obra retrata minhas vibrações naturais, aos sentimentos e emoções, às sendas do subjetivo e do objetivo, da beleza e do mistério.
É uma questão de estilo, ter ou não ter o compromisso de expor sentimentos e emoções próprios, ou simplesmente atento com a beleza das letras.
Uma percepção pode parecer realidade para alguns e irreal para outros. Acima de tudo, em tudo precisa ter amor. O amor deve ser desde uma atração interior que impele uma alma à outra alma, até a atração que eleva a inteligência às sendas do mistério, no altar da beleza ou da verdade. O amor é a lógica imortal dos mundos e de toda criatura criada por Deus.

Autores preferidos
Álvares de Azevedo, Castro Alves, Victor Hugo, Antoine de Saint-Exupéry.
As obras que mais me impressionaram foram: Macário, de Álvares de Azevedo e O Pequeno Príncipe, de Exupéry.

A CBJE
Conheci a CBJE por indicação de um site da empresa onde trabalho, a Petrobras.
A CBJE tem absoluta importância na minha vida literária. Foi uma porta aconchegante que se abriu tanto para mim como para muitos. É a responsável pela realização dos sonhos de muitos escritores. Tenho muito a agradecer a CBJE.

Aos novos autores
Há mil vozes que ecoam dentro da alma. Escutem a si mesmos.
Quando o licor do amor, dos sentimentos e emoções embriagam os sentidos, corre em todas as fibras e veias, e o coração se agita. Hoje é o que é, o amanhã é vaporoso, desconhecido, presumível mas incerto, e pode não ser tão belo como o hoje. Acordar do sono e ver desfeito um sonho, nos dá uma certeza ao menos de que houve um sonho! Parar de viver e sonhar? Nunca!... Olá ... autores...
Minha mensagem

Agora que a minha alma veio novamente dos véus dos mistérios, e minha lira restaurada soa novamente os cantos de amor e de solidão; agora que minha lira, tímida, veio por entre vós, com acordes ainda doridos das vidas, manchadas dos fluidos do mais íntimo da alma, que brilha sobre a terra como o último arrebol da primavera, mesmo tendo o frio pela frente. Que os acordes soem entre vossas almas sensitivas, com as melodias perfumadas. Que vibrem no peito e na alma a poesia, o amor e a fé, pois são os mais puros caminhos para a reintegração no absoluto.


Contato:joseluizdaluz@yahoo.com.br


José Luiz publicou em 2008, pela CBJE, o seu livro "Lira Romântica", que já está na segunda edição.