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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 23 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


Carmen Lu Miranda

Quem é você?
Sou Carmen Lucia Miranda, nasci, cresci e ainda moro em Pinhais, ou seja, arraigada à minha terra que fica nos arredores de Curitiba, e que me doa, com generosidade, a inspiração.
Comecei a lecionar muito cedo, aos 16 anos, na Escola Dona Maria Chalcoski. Através de concurso, passei a lecionar pela prefeitura de Curitiba e, paralelamente, em escolas estaduais, no Paraná.
Voltada às artes, comecei educação artística pela UFPR deixando o curso ainda no início. Passei pela Faculdade de Artes do Paraná e acabei paticipando de uma exposição coletiva em Campos dos Goytacazes.
Publiquei o livro O Menino Fauno e o Jardim Encantado, pela Editora Zamoner, Antologia 2009, pela Corpos Editora, Antologias nº 62, nº 63 e Contos de Amor e Desamor, todos pela CBJE, a qual abriu as portas para dar-me esta grande oportunidade.
Hoje, dedico-me à literatura acreditando que a leitura traga-nos foscos, e devolve-nos em brilho .

Como e quando você começou a se interessar por Literatura?
Não saberia dizer o momento exato. Sei que, ao passar para a 2ª série, em 1965, ganhei de meus tios um livro: "A Gata Borralheira". Este livro me levou para uma grande viagem, presente que nunca esqueci. Os pequenos textos que os livros didáticos traziam, também, tiveram muita influência; passei não só a gostar de ler, como de escrever muito cedo. O melhor momento era o da redação. Gostava e me dedicava de tal modo que, além de fazer a minha, fazia para quem me pedisse; não deveria, mas... gostava de escrever.
Duas pessoas foram importantíssimas durante o ensino fundamental: professoras Cecília Chicoski, a primeira professora, e Nanci Moreira, que considero a minha mãe literária, professora das últimas séries do, então, Ginásio Estadual de Pinhais, hoje, Colégio Estadual Dep. Arnaldo Faivro Busato.
O professor nem sempre sabe o quanto pode interferir no futuro de alguém. Na faculdade, o professor Luciano Buchmann, dizendo que eu deveria escrever, acabou de dar o último empurrão; faltava coragem.
Bom, meus pais e avós tiveram grande parte nisso tudo. O hábito de contar histórias está na família em relatos dos acontecimentos antigos, passagens políticas... Minha avó lia livros de história do Brasil e depois, sentada em uma poltrona da varanda, contava com a categoria de quem havia vivido o fato para meu avô que, conforme o assunto, dava algumas gargalhadas ou se indignava, como todo bom ouvinte; e lá, no chão, brincando com as pernas, eu ouvia.
Todo este emaranhado de fatos me levaram a gostar de ler, escrever e contar meus causos, rimados ou não.

Como é a relação que você identifica entre a sua vida e a sua obra?
Apenas dou sequência ao que repondia, anteriormente. Quando você se envolve profundamente em todos os sentidos e sentimentos com o que gira ao teu redor, você cria ligação automática com o teu eu pessoal, espiritual e profissional. Não ouço nada sem viajar até as entranhas do relator, seja assunto contemporâneo ou não. Raramente assisto ou leio um jornal sem que, logo após, não vá até a internet buscar algumas respostas a mais, seja geográfica ou histórica. Se escrevo, li, vivi, ouvi ou criei partindo de um destes pontos. Eis a relação.

Quais são seus autores preferidos?
Difícil responder. Quando menina, li um trecho de uma poesia de Augusto Gil; me encantei, decorei e descobri que palavras podiam ter rítmo, transformando-se em melodias recitadas. Estudando dissílabos, encontrei a poesia "A Tempestade" de Gonçalves Dias, um novo encantamento me tomou, depois vieram tantos outros como Emiliano Perneta, Casimiro de Abreu, João da Cruz e Sousa... Coelho Neto e seus contos maravilhosos e outros. Gosto de versos e prosas que tenham música, vida; que cantem e dancem.

Como você conheceu a CBJE e como você vê nossa atuação em relação aos jovens autores brasileiros?
A internet criou seu espaço, e foi por este camiho, procurando por poesias e contos que acabei encontrando a CBJE. No início, apenas, gostava de ler os contos e as poesias, sem a menor pretensão em me inscrever. Mais tarde, instigada pela qualidade das antologias, fiz minha primeira participação.
A CBJE reforçou a minha entrada para este universo. Eu havia publicado, em 2009, o livro, "O Menino Fauno e o Jardim Encantado", mas, aqui na câmara, eu tenho encontrado, além da afirmação dentro de um quadro de escritores brilhantes, a possibilidade de ver poesias e contos publicados com zelo, que é como deve ser tratada a literatura. Esta é a garantia de que não ficarão esquecidos, pois, tanto em verso como em prosa, se registra uma época, uma região ou uma pessoa, quando transformados em personagem ou citados em versos. São atitudes como essa que levarão à descoberta de grandes nomes, perpetuando contos e poemas que serão lidos amanhã. Saúde literária à CBJE para que, além de participar da construção intelectual de jovens leitores, seja, sempre, ferramenta para a construção da linguagem deste povo que transpira o lirismo com cheiro suave do café e dança em versos com gingado de passista.

Que conselho você daria aos que estão começando na carreira?
O nada e o tudo.
NADA do que estejam escrevendo hoje seja descartado, por inteiro, amanhã, pois, escrever é como plantar; se comermos toda a colheita, não sobrarão sementes para a próximo plantio.
TUDO que desejarem mudar, mudem, no decorrer do desenvolvimento literário. Estamos, sempre, em transformação. Para atingirmos com palavras, elas precisam dizer alguma coisa. Hoje estamos felizes, amanhã, não, então, mostrar e demomonstrar nossas fases, faz parte da construção do autor. Isto nos torna humanos. Lutar, sempre; desistir, nunca. Não deixar dos sonhos, mas, direcioná-los, encaminhá-los é preciso.
Simplicidade com sentimento é um bom tempero para uma receita de sopa de palavras.
Qualquer que seja o caminho, que a essência seja boa, mansa, poética, até mesmo, nas explosões e desabafos dos melhores relatos. E, finalmente, aproveite as oportunidades como esta que a CBJE oferece.

Quando passamos por um campo, tendo o mesmo como mero caminho, sabemos que ele é verde, porém, se ao passarmos, olharmos para, de fato, apreciá-lo, veremos dente-de-leão, azedinha do campo, marcelinha, bem-me-quer... Quando deparar com uma história, ouça, você poderá estar se munindo de versos e parágrafos.

Contato: carmenlumiranda@hotmail.com