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Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 23 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos. |
Aldo Martin Sotero Quem é você? No registro de nascimento sou Clodoaldo por culpa exclusiva do meu pai. O Martin e o Sotero são homenagens que resolvi prestar a dois grandes mestres com quem trabalhei no passado. Portanto, Aldo Martin Sotero é um simples resultado de vinganças e gratidões. Nasci numa pequena cidade do interior do Rio de Janeiro (Natividade) e resido em Málaga, na Espanha, há 6 anos. Sou jornalista e historiador. Devo voltar ao Brasil no final de 2010 para assumir a cadeira de História da Arte numa conceituada Universidade fluminense. Como e quando você começou a se interessar por Poesia? De fato, só comecei a me interessar por Literatura em 1974, quando fui “apresentado” à obra de Lima Barreto por meu grande e dileto amigo Luiz Carlos Martins. Fiquei tão entusiasmado, na época, que resolvi “ousar” um livro de contos - "Uma tarde para duas noites". Tenho também dois romances publicados e dois livros de poesias, ambos grandes fracassos de venda mas que me realizaram plenamente. Pelo menos tive livros para presentear os amigos (e inimigos) por bons quatro Natais. Como é a relação que você identifica entre a sua vida e a sua obra? Sou um homem de pouca história, não tenho muito para contar, assim, meus textos raramente têm qualquer relação com a minha vida, com meu passado. Escrevo o que a imaginação dita e deixo as idéias fluírem com a liberdade dos inconsequentes. Quais são seus autores preferidos? Vou citar os três (brasileiros) cujas obras mais me impressionam pela criatividade: Lima Barreto, Dias Gomes e João Ubaldo Ribeiro. Tenho também uma admiração toda especial pela obra cênica do paraibano Ariano Suassuna. Na poesia, me encantam os versos de Cora Coralina, Arteiro de Miranda e Manuel Bandeira. A CBJE Aqui cabe um capítulo especial e que merece registro. Em 1973, conheci um jovem extremamente idealista e preocupado com a Educação do nosso povo. Trabalhamos juntos durante 5 anos e a admiração por esse colega de trabalho só fez crescer. Trata-se do fundador da CBJE, Luiz Carlos Martins. Já naquela época, em plena ditadura, ele falava em criar mecanismos para que o povo – particularmente os jovens – pudessem se expressar através das Letras e que só assim conseguiríamos “forjar” uma geração de “seres pensantes”. A ideia estava pronta, bastava, apenas, pô-la em prática. E o primeiro passo – o jornal Projeto Saber – foi dado naquele mesmo ano. Eu estava com ele naquela empreitada. Luiz tirava dinheiro do próprio bolso para publicar o jornal que era distribuído principalmente para professores. Muito idealismo e pouco tino comercial levaram o jornal à falência, é claro. Em 1986, acompanhei a fundação da Câmara Brasileira de Jovens Escritores, um projeto fantástico – hoje, felizmente, copiado por muitos. Prêmios, títulos e condecorações, a CBJE já ganhou aos montes, mas jamais vi ou li qualquer menção a respeito no seu próprio site. Como também jamais vi, li ou escutei da sua boca qualquer crítica a quem quer que esteja envolvido em projetos semelhantes. Eu recebo, todos os meses, há 5 anos, todas as edições da CBJE. E a cada mês, a satisfação de saber que tem muita gente talentosa no Brasil. Tenho acompanhado, também, o crescimento de alguns desses autores que, a cada nova edição, parecem galgar degraus mais altos. Que conselho você daria aos que estão começando na carreira? Uma idéia enquanto idéia, de nada vale; ela só tem valor quando posta em prática. É preciso ler, escrever, ler, escrever, ler, escrever, num ritmo constante. Porque a relação ler/escrever é fundamental para o crescimento do escritor. É preciso abrir a mente para outras idéias, outros mundos, outras coisas. E, como último conselho: “visitem, diariamente, o seu dicionário”. Contato: informebrletras@gmail.com |