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ENTREVISTAS
Entrevistas exclusivas com autores renomados, publicados nas antologias da CBJE nesses 23 anos de existência. Conheça suas histórias, suas obras e veja seus depoimentos.


André Alves Braga

Quem é você?
Meu nome é André Alves Braga, sou paulistano (intitulo-me sampacaosmopolitano), rato ativo dos sebos do centro da cidade. Nasci no sexto dia do primeiro mês de 1975 (século passado), no bairro da Aclimação. Hoje moro no “JB”, zona norte de sampa. Sou estudante de comunicação social, técnico em logística não praticante, filho, leigo, irmão, cidadão, padrinho, laico, não supersticioso, heterossexual, sincrético, capricorniano, amigo, santista, apolítico, guitarrista em horas vagas, escritor e poeta por acaso. Às vezes tenho carteira assinada, às vezes cumpro minha função social em casa. Caminho, como exercício, ando, por natureza animal. Meu prato preferido é pizza; cerveja, há tempos não tomo, mas aprecio sem moderação. Detesto dirigir, não gosto de bicicleta e talvez um dia eu pule de paraquedas. Animais? Amo todos! Por isso gosto que fiquem em seu habitat natural (não há lugar melhor como o lar). Participo de oficinas literárias na Casa das Rosas, acho indispensável. Dificilmente atendo o celular, não assimilei essa tecnologia; já a internet, não vivo sem.

Como e quando você começou a se interessar por Literatura?
Meu interesse veio um pouco tarde: aos trinta e três anos, quando entrei no curso de publicidade e propaganda. No ensino médio sempre fui um péssimo aluno, estudava somente para passar de ano. Minha leitura se resumia a revistas sobre música. Os livros, nem colocava a mão. Na faculdade tive contato com filosofia, sociologia, política e psicologia, o que praticamente rachou a minha cabeça! Passei a ser um leitor voraz. Das teorias para a literatura fui um passo. Como frequento muitos sebos e compro livros por dois ou três reais, hoje minha pequena biblioteca tem uns trezentos livros entre romance, poesia, filosofia, sociologia e psicologia. Nomes como Fernando Pessoa, Émile Durheim, Freud, Florbela Espanca... E muitos outros, nessa linha, é que ocupam minha estante. Ler hoje, para mim, é uma necessidade, como comer, fazer exercícios físicos... Nada desenvolve mais o ser humano do que a leitura.

Como é a relação que você identifica entre a sua vida e a sua obra?
A relação é total! Tudo que escrevo hoje é praticamente sobre algo que está ao meu redor. O cotidiano, relações pessoais, as inquietações do Eu no mundo, tudo isso é que me inspira. Estou editando, de forma independente, um livro de poesia – Poemas Errados (dias intranquilos) Edição do autor – ele tem esse nome devido ao fato ter sido praticamente todo escrito durante minhas crises de ansiedade. Fiquei quase um mês sem sair de casa, angustiado, pesando besteiras sobre mim e, claro, escrevendo que nem um doido varrido! Tudo o que me perturba a mente me serve de inspiração. Acho que não consigo escrever nada sem ter algum tipo de envolvimento com o assunto; tipo aqueles caras que escrevem romances que se passam no Azerbaijão sem nunca terem pisado lá, não consigo fazer isso.

Quais são seus autores preferidos?
Fiz algumas oficinas de literatura onde o mediador dizia que temos que escolher uma “família de escritores”, uma linha de escrita, para desenvolvermos a nossa. Não concordei muito com isso, pois acredito que temos que ampliar nosso universo léxico o máximo possível, desenvolver nossa cosmo-visão o máximo, para escrever com qualidade.
Entre meus preferidos estão o Graciliano Ramos, que foi quem eu mais li. Fernando Pessoa e Florbela Espanca me deram marretadas na cabeça, ficava até tonto depois de lê-los. Charles Bukowski, com toda a sua sinceridade, foi muito marcante. Franz Kafka e Clarice Lispector (e as baratas) também estão no meu rol. Esses são os principais, mas ainda estou começando, tenho que descobrir muitos outros escritores. Ler é um prazer maldito: por mais que você leia, nunca conseguirá ler tudo o que quer, vai precisar de milhares de reencarnações para fazer isso.

A CBJE
Conheci a CBJE graças à internet. Hoje praticamente os meus textos orbitam no universo cibernético. (Escrevo alguns blogs, o principal deles é o Mundo ID – http://mundoid.blogs.sapo.pt/ - onde estão minhas poesias). Os outros são relacionados à faculdade, dou atenção bem menor. Através das ferramentas de busca encontrei a Câmara Brasileira de Jovens Escritores, essa maravilha. Os primeiros textos não foram selecionados, mas aí passei a escrever com mais rigor, e eles passaram a ser.
Vejo o trabalho da CBJE fundamental para quem escreve e para quem lê. Os “novos” escritores têm um canal para publicarem seus textos , editarem livros a preços justos e conquistar leitores. Fora o registro histórico que é feito. A literatura é contida de costumes, linguagem e acontecimentos sociais, coisas que muitas vezes a História, aquela que aprendemos na escola, deixa de fora. Não sei se há outras como a CBJE, mas é possível afirmar que hoje ela realiza um trabalho diferenciado no mundo literário.

Que conselho você daria aos que estão começando na carreira?
Conselho? Acho que preciso de muitos ainda... Mas diria a quem, como eu, está começando, que leia muito, mas muito mesmo, e escreve muito. Participe de oficinas literárias sempre que for possível, pois se aprende muito e se conheçe muitos escritores iniciantes também. Essa troca de conhecimento, de idéias é enriquecedora para a formação do escritor.
Escreva e divulgue os textos; faça um blog, divulgue via twitter (o meu é www.twitter.com/mundoid ), procure a opinião dos outros, isso ajuda a ver o que você não enxerga na sua escrita, e levanta a autoestima, que é necessário para quem está iniciando em qualquer coisa. Não faça como muitos que conheci, que dizem que escrevem, mas não mostram os textos para ninguém. Não vejo sentido em escrever e não querer que outro leia, a menos que seja um diário secreto.


Contato: andre.al.braga@gmail.com