|
Isabel de Lourdes Duque
Deodato
Carinhosamente
me identificando
Sou Isabel de Lourdes Duque Deodato, nasci em 06 de outubro de 1957, natural
de Santa Isabel do Rio Preto. Isso foi no sítio São Vicente,
onde passava a linha do trem, a Maria Fumaça deslizava solta em
sua empreitada de levar o progresso da capital do Brasil para sul de Minas.
Vez ou outra jogava fagulhas de fogo pelos pastos, e seus donos tinham
que sair às pressas para apagar um princípio de incêndio
nas pastagens. Mamãe sempre dizia que dias antes de eu nascer,
com um barrigão danado, ajudou apagar um.
Minha cidade
natal,
Santa Isabel.
Seu nome
carinhoso,
Um Cantinho de Céu.
Cidadezinha
do interior, onde todo mundo conhece todo mundo é distrito de Valença,
Estado do Rio de Janeiro.
...
Sou a sexta
filha do casal, Senhor Vivinho Duque e Dona Lourdes, numa turma de onze
irmãos. Muito trabalharam juntos e com os filhos, para dar conta
de prover o sustento da filharada e mantê-los no caminho da retidão.
Meus irmãos: Olívia, João Cândido, José
Fernando, Vera Lúcia, Cantionilia, eu, Raquel, os gêmeos,
Márcia Aparecida e Márcio Sebastião, Maria José
e Ione.
Estudei em
escola pública até o final do antigo ginásio. Depois
em Barra Mansa, onde trabalhei e estudei. No Colégio Estadual Barão
de Aiuruoca eu fiz o magistério. Em 1991 casei com o Carlos e me
estabeleci em Ourinhos, interior de São Paulo. Não temos
filhos e isso tem me ensinado a cuidar mais dos filhos dos outros. Como
filha de Deus, Ele tem um projeto de vida pra mim, que não incluiu
filhos. Ele queria que eu aprendesse coisas que com filhos não
aprenderia. E, tenho aprendido muito. Sou professora com Habilitação
em Artes Plástica pelas Faculdades Integradas de Ourinhos e Pós-graduações
na área da Educação.
Hoje sou
funcionária Pública da Rede Estadual de Ensino, São
Paulo, atuo na Biblioteca da Escola Estadual Professor José Paschoalick
e procuro criar situações de incentivo à leitura
com os alunos, especialmente nas séries iniciais, despertando o
gosto pela leitura e viabilizando um acesso mais efetivo de alunos aos
livros no dia a dia, com contação de história, projetos
desenvolvidos nas classes e ações de apoio a professores
e coordenadores. Penso que:
Pode
a biblioteca
Deixar de ser o apêndice da escola
Para ser parte do aparelho digestivo.
Biblioteca,
Lugar onde ideias e informações
Estão bastante concentradas
Esperando para serem digeridas
E absorvidas por organismos vivos
E sedentos de informações e ideias.
O aluno.
Por
que escrevo: relação vida obra
Meu interesse em escrever veio da vontade de registrar carinhosamente
momentos significativos, pessoais, particulares e de meu cotidiano. Gosto
de escrever sobre situações dentro da escola, onde passo
muito tempo do meu dia. Observo o cotidiano, vêm idéias,
começo a colocá-las no papel e aí, é só
deixar fluir os detalhes, minúcias, sentimentos, expressões
e sensações. Enquanto não coloco a idéia inicial
no papel, ela fica ali, martelando. Como se ela quisesse dizer: me pega,
me acolhe, me aceita, me toca, me toma pra si e faz o que você quiser...
Eu ainda não sei escrever. Sou iniciante.
O ato de escrever
Escrever é usar as ideias de forma ordenada e depois que começo
vem uma espécie de inspiração junto com toda experiência
que tenho impregnada em mim e que vai me levando. Sempre fui muito observadora
e crítica, especialmente comigo. Isso tem se transformado em algo
escrito.
Do papai
penso que carrego um pouco da sequência lógica das coisas,
que tem uma oratória coerente e coesa. Quando conta fatos de sua
infância conduz a oralidade de um jeito simples e com detalhes singelos,
que os ouvintes sentem como se tivessem vivido a situação
juntos. Um homem chamado por algumas pessoas para opinar e aconselhar
nos negócios. Homem de visão e com muita experiência
de vida. Autodidata em muita coisa...
Da mamãe
trago a contação de histórias de sua vida, de casa
em casa, perdera a mãe desde pequenina e ora morava com um parente
ora com outro. Uma vida inteira de muita economia, pouco luxo, exalava
energia positiva, coragem, persistência e simplicidade. Não
deixou a peteca cair até o dia em que nos deixou. Quando éramos
crianças, na região onde morávamos muito montanhosa
e as chuvas vinham sempre acompanhadas de trovões, raios e estalos.
As torneiras de cobre amarelo davam choque porque o encanamento ainda
era de chumbo e trazia a água, de uma grota alta e junto chegava
as descargas elétricas da natureza. Então, a mamãe,
para evitar que a filharada tomasse choque no contato com as torneiras,
sentava encostada na parede, que dividia as salas, sob o relógio
e dizia: “vamos sentar pra descansar um pouco, esperar a chuva passar
e enquanto isso a mamãe vai contar histórias”.
A mamãe
era essa...
Que jogada de mestre!
Escrever é eternizar-se e não é ficar só na
memória.
Sobre
o contato com livros...
Sobre livros na minha vida o que posso dizer é que, em 1965, de
minha primeira professora dona Eliane Pereira Guerra, ganhei meu primeiro
livro, O cachorrinho Peri, a mamãe guardou por muito tempo, hoje
tenho a posse dele. Lembro-me da chegada do dicionário lá
em casa. Pra mim foi mágico! Depois a Bíblia chegou de um
modo muito especial. Outro fato curioso foi o surgimento do Atlas, não
sei de onde veio... Tive muito contato com ele. O meu pai tinha um guia
do Estado de São Paulo, que era consultado para dar nome às
vacas. Eu tenho, até hoje, um exemplar do livro A árvore
generosa, de Shel Silverstem, traduzido por Fernando Sabino. Livro distribuído
para as escolas do Estado da Guanabara. Todos foram marcantes, mas eu
não tive contato com literatura em casa e nem na escola. Muito
tarde provei o vício da leitura e atualmente estou lendo O mundo
de Sofia.
No Grupo Escolar Dr.
Guilherme Milward eu estudei as primeiras séries e o antigo ginasial
no colégio, Campanha Nacional de Educandários Gratuitos.
Esses, por estarem distantes de grandes centros, não tinham muita
opção a oferecer aos alunos. Não sei como estão
atualmente. Agora, leio muito mais do que quando estudante e procuro fazer
com que, na escola, os alunos leiam mais. Hoje leio muito especialmente
para incentivar, sugerir, discutir e indicar leituras para os alunos.
Preciso esforçar-me bastante para atrair aqueles mais arredios
com a leitura.
Sobre
a CBJE...
Chegou a mim como uma prova de fogo. Essa internet é mesmo abençoada...
Pesquisando na internet sobre a Câmara Brasileira do Livro, parceira
no concurso I Prêmio “Ser Autor” 2010, do CRE Mário
Covas em parceria com SEE-SP, onde fui classificada, descobri a Câmara
Brasileira de Jovens Escritores. Quando vi as seletivas, decidi enviar
o mesmo conto para testar se era bom mesmo, afinal ele havia sido escolhido
somente na rede de Ensino do Estado de São Paulo e agora eu queria
experimentar no Brasil todo. Fiquei ansiosa e na expectativa, mas quando
o conto foi selecionado, na biblioteca foi uma festa. Meus incentivadores
no trabalho são principalmente Elena, Dulce, Kawe, Gabriel e Vilminha,
estes param pra me ouvir sempre que escrevo algo. Em casa, meu marido
e minha ajudante, a Telma. Se depender destes tenho que publicar um livro.
Adoro a ideia de poder publicar um livro pela CBJE. Já estou selecionando
e fazendo algumas correções.
Para
quem quer começar...
Ler, ler,
ler, ler e ler muito e de tudo. Ler principalmente com os olhos dos sentidos
bem aguçados... De lá vêm ideias... Tudo que a gente
vê, pensa, sente, ouve, fala, cheira, prova e observa pode ser registrado
no papel e isso é contar uma história, é escrever.
Comece registrando fatos interessantes, depois os escreva observando uma
sequência lógica natural. De início use linguagem
simples, espontânea. Depois releia, refaça o que precisar.
A palavra modela os pensamentos. Se não gostou de algo reorganize
as idéias. Haverá críticas, receba-as com humildade
e faça as palavras rolarem. Pedra que não rola cria limo. Não existe
o "não consigo": existe o "não tentei o bastante
para conseguir o quero.
Contato:
iladd@terra.com.br
|
|
|