Ismar Carpenter Becker
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Lenço preto

 

Lenço preto que enxuga as lágrimas de uma perda
Que enxuga o marejar de olhos vermelhos de saudade
Lenço preto negro como as regiões abissais dos oceanos da solidão
Lenço preto que seca a exaustão do suor após o amor
Um pedaço de pano preto que ontem era flor de algodão branco no campo
Lenço preto acenando a alguém que passou pela sua vida como um meteoro
A riscar a negritude do universo com esperança
Lenço preto tremulando como uma bandeira pirata
Lenço preto guardado na gaveta da solidão
Esquecido num canto só lembrado em horas de angústia
Ficará puído com o tempo que tudo dissolve como nuvens negras
Que descarregam chuva sobre flores já murchas.

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "É tempo de poesia" - Novembro de 2018