André Luiz de Oliveira Pinheiro  
Rio de Janeiro / RJ

 

Amanhecer

 

Frouxa manhã...!
Quem afrouxa tuas algemas do escuro,
Senão as luzes delegadas...
Sol forasteiro...!
Toda manhã sequestra a madrugada
Aos esconderijos do futuro...
Frouxa alvorada...!
Quem afrouxa as algemas do teu canto
Senão a voz da passarada...

Passarinheiro...!
Toda manhã libertas teus encantos
À natureza iluminada...
Frouxa chegada...!
Dessas manhãs que chegam e saem às pressas
Num pássaro de luz dourada...
Frouxa é a vida...!
E a morte é a delegada das algemas...
Da madrugada amanhecida...

Frouxa, amanhã,
Estará outra manhã que nos espera
Do céu, com o sol no seu divã...
Frouxa espera...!
No tempo com as algemas do futuro
E chave que o presente encerra...
Frouxa agora...!
É esta hora à luz crepuscular
Na alvorada à escapar...

Frouxas no olhar...!
As lágrimas que rolam devagar
Que se encantam  só no encanto
Ao despertar...

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "É tempo de poesia" - Novembro de 2018