Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

E assim nasceu dona Fakenews

                

Conversavam entre si sobre algo que aparentemente ninguém ousava acreditar, mas estava lá, estampado nos jornais escritos e televisivos para todos os olhos bem abertos lerem e se alimentarem daquilo que Eu e eu, narradores que não se entregam à vida líquida, não acreditaremos em discursos duvidosos porque o pouco que Eu e eu estudamos na Escola do Dircurso, na cidade de Discursolândia, faz-nos olhar os enunciados, lá escritos, com um outro olho que habita dentro de nossos próprios olhos.
A mentira estava lá, tão bem escrita, tão bem resolvida, tão bem esclarecida, tão bem pós-modernizada, tão bem anunciada, tão bem “bem-dita”, tão bem digitada, que qualquer olho desavisado acreditaria no que lá estava escrito. Qualquer olho que não consegue ver o texto dentro de sua máscara seria tragado pelos inventados signos escritos, pela verdade produzida por uma mentira, uma mentira que agrada o leitor sem visão…
Caminhávamos juntos, Eu e eu, juntos e separados. Juntos porque morámos no mesmo lugar. Separados porque pensámos, a depender do contexto, de forma diferente. Quando o que líamos era coerente para nós dois, não discutíamos nem contrariávamos um ao outro, pois um acordo logo se anunciava. Mas quando um de nós discordávamos um do outro, depressa uma imensa barreira surgia entre nós… A guerra estava anunciada. Não havia trégua na discussão. Eu não aceitava o que lá estava escrito, mas eu tinha dúvida. E rapidamente a contenda era anunciada.
É difícil duas pessoas conviverem num mesmo lugar sem discussão, mas era impossível viver fora deste lugar, uma vez que estávamos ali, colocados por força divinal, por força física e psíquica, por alguém a que muitos chamam de Dona Psiquiatria, mulher que possui informações sobre a vasta vida interior dos seres ditos humanos, descoberta há muitos anos por um homem de barba branca, olhos profundos, corpo ferido, andar machucado. Chamavam-lhe de Freud. Ele ouviu uma voz, e nesta voz ele detectou múltiplas vozes que habitam em silêncio aquela voz. Creio que o mundo sem a sua passagem seria um caos, haja vista que às vezes as catástrofes são necessárias para evitar maiores confusões exterminais humanas. Refiro-me aqui a catástrofes de todos os tipos, mas algumas poderíamos ter sido evitadas se o homem não permitisse ser contaminado pelo egoísmo corruptível que, em nome da sensação de um extremo poder, acha que pode manipular a vida dos outros, como assim aconteceu com o Holocausto, oriundo do maléfico nazismo criado por Hitler que sabiamente recorreu a Dona Fakenews e fez a cabeça do povo alemão, tornando-se, presidente daquele país. Utilizou-se de uma máscara, e desta máscara maligna, conseguiu assassinar em torno de seis milhões de judeus. Só depois de muitos estragos, o povo abriu os olhos e percebeu o grande estrago feito por Adolfo Hitler por meio de Dona Fakenews…
Dona Psiquiatria é parceira de muitas outras amigas… Dona Sociologia, Dona Filosofia, Dona História, Dona Literatura, Dona Análise do Discurso, Dona Antropologia, Dona Comunicação, Dona Política… Mas há uma senhora que está em nossos dias criando muitas mentiras e transformando-as em verdades, tendo muitos seguidores. Ela usa a Dona Tecnologia para espalhar seus falsos discursos nas redes sociais. Chamam-lha de Dona Fakenews. Alguns dizem que ela nasceu num país que tenta dominar a todos com o seu discurso de poder e hegemonia, os Estados Unidos do Poder Universal, mas  Eu e eu acreditamos que ela é mais antiga do que a humanidade possa imaginar...
Dona Psiquiatria é muito esperta e sabe de longe, com a ajuda de seus amigos, principalmente a Dona Análise do Discurso e a Dona História, perceber quando o discurso ou o testemunho não é verdadeiro. Ela possui uma “potente lente” que adentra nas imagens em seu profundo interior, vasculhando qualquer signo que não condiz com a verdade que deve ser dita.
Assim é que Eu sempre procuro encontrar um meio adequado para negociar, de forma profícua, com eu. Temos que sempre estarmos dispostos , às vezes, a deixar de lado, nossos desejos, em nome de um desejo maior: a construção do discurso permeado unicamente por bases sólidas que sustentem a Verdade, doa a quem doer… Às vezes, Eu sou forçado a concordar com eu, e às vezes eu também concorda com Eu, de forma que não haja tanto prejuízo na formação ideológico-discursiva de ambos os sujeitos que habitam este imenso e complexo lugar, que tantos outros sujeitos não conseguem conciliar, permitindo-lhes serem bombardeados por doenças psíquicas que confrontam os elementos que formam a personalidade do ser: o Id, Ego e o Superego, produzindo, em muitos casos, estragos enormes por meio de traumas e rasuras que marcam profundamente a vida dos sujeitos que não conseguem unir o útil ao agradável, não conseguem distinguir quando um discurso é falso ou verdadeiro.
Eu e eu, na época das eleições passadas, no Brasil, unimos nossos desejos e conhecimentos acerca do mundo e das coisas. Sem contradições e conflitos, concordamos um com o outro, diante de tantas notícias espalhadas nas redes sociais pela Dona Fakenews. Também connosco, milhares de outras pessoas fizeram a mesma coisa: não acreditaram nas mentiras que foram espalhadas por sórdidos seres manipulados malignamente por esta Impostora a quem todos nós conhecemos com o nome de Dona Fakenews.
Por incrível que pareça, ela continua a espalhar o que ela sabe perfeitamente fazer. Aperfeiçoada nos Estados Unidos do Poder Universal, ela é um instrumento maligno capaz de ludibriar, com perfeita clareza, qualquer leitor sem fundamentação psicanalítica ou desinformado historicamente.
Neste momento, Eu estou a falar dirigindo-me a tantos Eus e eus que como Eu vive em conflito, mas reconhece que é deste conflito que as “vacas gordas” se alimentam… E as “vacas magras” não conseguem ocupar o espaço porque juntos somos mais que um, juntos podemos desarmar as forças do mal que querem se instalar na Terra de Santa Cruz, Terra de Todos Nós…
A Dona Fakenews pagará por ter usado o Santo Nome de Deus em vão, e nisso Eu e eu concordamos porque somos livres para pensar, somos livres para imaginar cognitivamente, somos livres para a compreensão em torno do verdadeiro saber… E reconhecemos de longe quando um signo nazista ou fascista quer ocupar espaço em nosso grande imenso lugar de constante luta entre signos revolucionários e libertários.
Somos a resistência, e junto com tantos outros Eus e eus faremos a diferença na luta contra a corrupção e a violência que atingem a nossa Potente Nação cujo Deus é o Senhor. Sabemos, pois, que a nação cujo Deus, verdadeiramente é o Senhor, é próspera, e o seu povo vive em paz e alegria. Dona Fakenews, criação do Inimigo de Deus, não terá olhos para enxergar todo aquele que verdadeiramente crer que Jesus Cristo é o Senhor. E, em breve, teremos o nosso país de volta porque “Agindo Deus, quem o impedirá?”.

(A minha amiga Miralva Moitinho, guerreira e fervorosa
mulher feita de garra!
)

 

 

 

 

 

 
 
Publicado no Livro "É tão verdade que ninguém duvida..." - Edição 2019 - Junho de 2019