Henrique Bonamigo
Três de Maio / RS

É a vida

 

Roubaram quase tudo o que havia
Na pequena casa de quatro paredes apenas
E era tão pouco o que tinha dentro,
Que ao voltar, o sofrido homem não sabia
Se contava o que haviam levado,
Ou se atinha ao que havia restado.

Traduziu o sofrimento numa frase bem pequena;
É a vida... A luta do homem não termina,
De dia ganha o seu pão e nem reclama,
Da dor que se propaga e o põem na cama,
Para o descanso que invariavelmente é pouco,
Pouco... como os bens que lhe furtaram.

Divaga... Mistura o pensamento amargo e a filosofia,
Percebe o latejar das têmporas e chora...
É a vida... Murmura taciturno frente ao desencanto
E se dirige da porta até um canto,
Onde uma cortina de fazenda já bem rota,
Balança e lhe afaga o olhar e a alma.

Confiante, olha por um rasgo do tecido,
É ela! A minha musa, o meu amor, a minha bela...
Adormeceu, fatigada pela espera.
É a vida... Perder, ganhar, até o jogo acabar.
De minhas tralhas sentirei saudades,
De minha amada terei beijos pra recomeçar...

 

 
 
Poema publicado no livro "1º Festival de Poesias Românticas"- Edição Especial - Junho de 2017