Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Brasil sem brasilidade



Esta é uma daquelas crônicas interpeladas por uma vontade de entrar no Congresso e dissolver tantos direitos que exercem os parlamentares! Eis a crônica! Eis a voz! Eis o discurso atravessado por um grito silencioso que agita meu ser político filosofante! Que país é esse onde uma pastora mata, juntamente com um conjunto de indivíduos criados sob a régia do capitalismo nazitário, outro ser também empedernido e cruel?
A impunidade anda às soltas no Palácio do Poder. Leis foram criadas para defender a quem deseja usar o projeto de alienação popular e cegueira espiritual! Abramos nossos olhos, pois está à nossa frente o maior problema de corrupção instalada no país: a imunidade parlamentar que impede qualquer parlamentar de ser preso!
Enquanto lutamos pela imunidade da saúde para não morrer diante da pandemia que se apresenta no mundo, os nossos políticos já estão protegidos contra qualquer vírus, principalmente o cornona-vírus! Matam, roubam, desviam verbas, constroem riquezas, calam vozes, armas esquemas, compram “laranjas” para servirem na feira da corrupção por um alto preço pago pela população!
A pastora, segundo o noticiário, está solta a perambular pelas ruas silenciosas do Brasil! No “Vale Tudo”, a cena da novela está a se repetir. O velho retorno mascarado por homens e mulheres vestidos de discursos de “bom selvagem”, escondendo da população o “joio” que são! Mercenários, por natureza, usam o santo nome de Deus para cobrir seus crimes! Que país é esse?!!
No vale-tudo, encomendam estranhas mercadorias na nossa cara! Praticam as piores atrocidades e o congresso assiste inerte a dança dos malfeitores! A impunidade abraça-se à imunidade, e os nossos ditos representantes continuam a receber volumosas quantidades de milhões, desviados dos cofres públicos!
Com direito a quase tudo, eles não declaram imposto de renda, depositam milhões de dólares em “ocultos bancos”! Alguns são presos, e com a cara de inocente, dizem que vai provar a sua inocência! Inocência!? Que inocência? Pegos em flagrante cometendo crimes horrendos não é suficiente para serem presos e morfarem na cadeia? E há cadeias a longo tempo para os mercenários? Não. Eles ficam por pouco tempo presos. E ficam livres, voltam para casa, e planejam mudar do país para viver dos milhões que foram desviados de nossos cofres públicos. Mas qualquer cidadão que rouba ou mata por fome e injustiça, são colocados na jaula e lá apodrecem por mais de vinte anos…
A impunidade em nosso país alcança proporções infinitas e a imunidade parlamentar dos canalhas continua a vigorar. Ninguém se levanta para mudar essa situação. Nem a população, nem nenhum partido, seja de direita, seja de esquerda! Extrema ou não, estão preocupados com a economia, sem se dar conta de tantas pessoas que foram sucumbidas pelo vírus, pela violência e pela fome em nosso país!
A comunicação jornalística, televisiva e radiofônica não consegue dar conta da realidade dos brasileiros, pois muitos jornais e meios de comunicação digital estão a serviço do poder neofascista instalado no Brasil. Pouco se vê na televisão! A ficção novelística chega até a explorar o interior que envenena nosso podre e corrupto sistema. A novela “Vale tudo”, passada há tantos anos atrás continua viva em nossos dias!
Cegam-nos diariamente os meios de comunicação. Eles expressam a voz do poder. Às vezes soltam algumas úteis verdades, mas não conseguem despertar a população entregue ao “deus dará”! Falta compromisso para com o povo, para com o saber que deve ser dito, doa a quem doer!
Mas, aqui, nesta crônica ferida pelos signos que se escorregam da mente de seu escrevente, o sonho persiste em forma de discurso, de denúncia, de exposição da verdade que muitos não conseguem enxergar!
Agora, o povo está muito ocupado com as suas máscaras, e nos finais de semana, vai à praia, aos bares e butecos sem máscaras, sem proteção! Esta é a mostra de um país que não reflete sobre suas ações. Enquanto isso, eles, os nossos “maravilhosos” representantes continuam a publicar ou tornar leis o que eles desejam, algumas atendendo parte da população, outras, atendendo aos seus próprios interesses! E a impunidade continua solta! A imunidade continua potencialmente livre, à disposição dos criminosos políticos de “colarinho branco”, a viajar, comer, vestir e esbanjar nosso dinheiro como bem querem!
Conclusão: De que o povo precisa neste momento? Da Reforma administrativa do funcionalismo público?! Da aprovação de novos impostos, revestidos de signos escravizadores?! Da retomada à total economia da morte?! Não. O povo precisa ser respeitado! Que o Congresso tenha a coragem de fazer a verdadeira mudança no próprio sistema que abocalha milhões de reais, favorecendo a políticos criminosos, assassinos, como é o caso da pastora que pastoreava o rebanho de ditos “religiosos liberais”, entre outros políticos que continuam impunes, graças ao que eles chamam de imunidade parlamentar!
A democracia brasileira precisa de ar, de fôlego para mudar esse terrível quadro. A impunidade anda às soltas em Brasília e em todos os lugares do Brasil. E, agora, neste momento, as pessoas que eram amigas e compartilhavam seus problemas são tomadas por um sentimento de divisão partidária. Começam a fazer propagandas para eleger seus mercenários em busca de cargos na política da “troca de favores”. Isto é colonialidade instalada em nosso meio. Vivemos ainda sob os pilares da ideologia colonialista.
Enquanto o povo não se libertar desse vício colonialista, continuaremos do jeito que eles querem? Eles, quem? A resposta fica com o caro leitor que até aqui, leu esta crônica feita de palavras. E, eu, escrevente, de minha clausura torno público a clausura coletiva em que a população brasileira e o mundo inteiro estão submetidos, graças à ganância pelo poder, à desmatação de nossas florestas, à corrupção, à costumeira prática do “É dando que se recebe!”.
Saia de seu casulo, e venha também protestar. Escrever, denunciar, mover seu discurso, pois precisamos da ajuda de todos os conscientes brasileiros. Ninguém larga a mão de ninguém! Pelo fim da impunidade e da imunidade parlamentar, a luta continua! Sem medo de ser feliz! Por um Brasil brasileiro, digo sim! Por um Brasil sem brasilidade, digo não!

 

(Por uma possível crônica da imunidade e da impunidade)



 




Conto publicado no livro "Fato ou ficção?" - Contos selecionados
Edição Especial - Setembro de 2020

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