Wagner Gomes
Caçu / GO

 

 

Nicho

 


Deixa eu ser teu bicho,
ser teu nicho, teu lugar secreto,
onde tu guardas os teus mais deliciosos pensares...
Deixa eu ser teus ares,
teus descansos, e teus cantares.
O lugar distante onde tu guardas
teus mais perdidos olhares...
Deixa eu morar aí,
dentro dos teus silêncios,
onde mesmo eu barulhento
seja  refrescante como o vento,
que acelera os galhos
e a belas rosas do teu jardim...
Deixa eu me enganar assim,
me encantar,
e me jogar aos ares com os meus sorrisos,
até ficar bobo, babando, sem rumos...
Depois, me toca de leve...
Mas sejas breve, e interrompe o meu sonhar...
Porém deixe-me aqui, assim:
Parado, embobado, adormecido,
e sem reação.
Feito um coração que morre...
Feito um corpo retalhado,
feito um sangue que coagula...
Deixa-me aqui,
estendido, inerte, secado, largado...

Deixa-me simplesmente, te admirar...
Inocente...Apaixonado...

 

 

 

 

 

 




Poema publicado no "Gente importa mais que coisas "
Edição 2020 - Novembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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