Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

As palavras não dizem o que sentem plenamente

 


Raízes do bem, raízes do mal
Passado cruzado no presente fluido
Presente assustado com o devir anormal
Palavras em guerra, catastróficos sinais
Signos, sons, ruídos, símbolos, danos, resíduos…
Sozinhas, são solitárias, diluídas, fragmentadas
Unidas a outras, coletivizam-se
Em busca de uma satisfatória fixação…

Moventes, se entregam ao seu indeciso destino
De servir quem dela se apropria.
As palavras unem os seus pares
Mas também as separam em suas contradições
Para marcar seu espaço discursivo
Produzindo violência verbal
Violência da palavra aprisionada
Ao seu fixo e desnudo lugar…

Desgarradas, elas se arrumam
Desamparadas, elas se dispersam
Formando um intenso rio de águas híbridas
Carregando dentro de si crenças, ideologias, valorações…
Como pássaro que voa sem destino, as palavras não atingem o voo esperado
Pois são sempre interrompidas pela sombra de seus destinos...
As palavras não conseguem dizer o que sentem plenamente
Porque o que sentem não cabe nelas mesmas
Por habitarem lugares escorregadios, desérticos…
Conflito da alma, do ser que se anuncia
Nesse novo tempo desarmado de si.

 

 

 




Poema publicado no livro "Amor em sol maior".
Edição 2020 - Dezembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
Anote camarabrasileira.com.br/gentileza20-004.html e recomende aos amigos