Wagner Gomes
Caçu / GO
Lua de outono
Um pouco de mim ficou assim:
Despido, retrógrado, intacto, intrépido...
Um pouco de nós ficou ali:
Na curva do tempo, à espera do fim, sem fim...
Um pouco de mim navega:
Sem rumos, sem tempo, sem pressa, sem ti...
Um pouco de nós espera:
O tempo, na estrada, ao vento, ao encontro....
Sem mim não sabes onde ir...
Sem ti não sei pra onde voltar...
E assim ficamos...
Um pouco de mim à tua espera...
Um pouco de ti à minha procura...
E um resto de nós por aí... Em algum canto qualquer, esquecido.
E por aí seguimos...
Apenas um pouco de todos os poucos que restaram;
que nunca se tornaram suficientemente completos.
Apenas os restos de todos os restos,
que na verdade nunca sobraram...
E por fim,
Sou eu que te acordo em tuas madrugadas de silêncio...
E és tu que me adormeces nas noites de lua acinzentadas.
Nestas longas noites de lua de outono.