Neiva Teresinha Paludo Chemin
Chapecó / SC

 

 

A vida ainda é bela



Na Vila Santo Antônio, município de Gaurama, Rio Grande do Sul, lugar lindo, panorâmico, em uma casa grande de madeira rodeada de árvores nativas, no dia 31 de dezembro de 1950, véspera de Ano Novo, nasceu Aldino. Nesse lugar, morou até completar doze anos.
Menino forte, esperto, companheiro de sua mãe Genoveva, com alegria a ajudava a semear hortaliças, alimentar as aves e colher frutas.
Brincando... corria na grama verde do lugar.
Assim seguia a vida...
O pai Atílio e os irmãos mais velhos trabalhavam em harmonia.
À noite, reuniam-se ao redor do fogão a lenha com uma sapecada de pinhão na chapa... E não faltava um copo de vinho feito com as uvas do parreiral.
Uma vida alegre e tranquila: todos trabalhavam, cada um no seu setor.
Ah! Tempo bom...
A mãe passava muita segurança e bons conselhos ao pequeno Aldino. E assim o menino era feliz.
Livre como um pássaro, brincava no balanço das árvores saboreando as deliciosas pitangas.
Por ironia do destino, sua mãe foi hospitalizada. Nada grave. Cirurgia simples. O hospital era na cidade, por isso, o menino Aldino e os irmãos ficaram esperando a volta da mãe na propriedade onde moravam.
Na expectativa de notícias, um dia, uma nota no rádio o paralisou. Um choque... sua mãe havia passado para outra estância.
Marcas profundas para o menino.
Silencioso... lamento de seu coração...
Com o passar do tempo, fez o Exame de Admissão e foi estudar em uma pequena cidade, Viadutos, também no Rio Grande do Sul, na casa de uma irmã casada, e sobrinhos que ajudou a cuidar.
Estudou muito... Esse foi o modo que encontrou de aliviar a saudade da mãe. Não substituiu a perda, mas deixou o vazio do seu coração um pouco menos vazio.
Mais tarde, para continuar os estudos, foi a Chapecó, Santa Catarina.
Trabalhou como ajudante em um escritório de contabilidade, pois assim ganhava para pagar os estudos.
Lutou muito e venceu.
Formou-se em Contabilidade. Mais tarde, em Direito.
Conheceu e amou Nilva Rosa, uma bela jovem de fartos e longos cabelos, olhos cor de mel, com quem se casou. Tiveram um filho muito esperado e querido, ao qual deram o nome Glauco.
O filho cresceu e se tornou professor. Casou-se com uma jovem vinda de Montevidéu, Uruguai, a bela e culta Flor. Agora, os dois esperam a chegada da princesinha Maria Catarina. E virão mais...
Com a família reunida novamente ao redor do fogão; uma neta para correr no sítio entre as laranjeiras, jabuticabeiras, pitangueiras e colher alcachofras na horta do vovô, Aldino vive feliz.
A vida é bela quando se cultiva o amor.

 


 




Conto publicado no livro "Contos de Grandes Autores"
Edição Especial - Maio de 2021

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