Rosemeire Stteffen
São Paulo / SP

 

Retalhos

 

...porquê quando eu neguei o meu amor, 
traí a mim mesma e sempre soube das pedras
Cada fruto tem um sabor único e peculiar;
dependerá sempre da língua que o saboreie 
Se fosse resolver e não, nunca vai mesmo,
iria te dizer que foi minha sincera agonia
Foi a minha brincadeira mais séria sim,
porém, só louco assim pensa insensatamente
Instalou-se feito um desbravador do sertão,
sem permissão e nem deu-me chance do não
Na noite da boêmia, brindamos com ki Suco,
sabor nós dois, misturados no liquidificador
Fiz confissões secretas, fui nada discreta,
também foi a palavra mais certa a que calei
Fundamental foi a beleza que vi e se escondeu,
porque não escutei o grito alertando a tempo
Seremos os passageiros contumazes daquele metrô,
o bilhete aguado e guardado do bom que derreterá
Invadida pelas luzes da ribalta, escapei com vida,
fui aceita com a ternura de louca que há em mim
A colcha de retalhos misturados de cetim e chita,
juro, não me cobriu, não afastou e nem me protegeu
O que ninguém queria nesta vida insana e absurda,
chegou com seu assustador esplendor tenebroso
Na nave incandescente, fui como pássaro sem asas, 
depois nua, corri pela imensidão dos campos de trigais
...todos foram felizes para sempre - será, serão?...

 

 
 
Poema publicado no livro "Painel de Poemas Premiados" - Outubro de 2017