Varenka de Fátima Araújo Garrido
Salvador / BA

 

Assim...

 

Acho que são cinco da manhã
não, não são quatro horas, acordava
meu pai Francisco Chagas  Araújo
dormia com os livros na cama
pegava religiosamente um livro, lia
lá pela sete da manhã, era um defensor
da leitura e educação igualmente para todos
bom dia pai, ele, você deve levar meus livros
é tão difícil viver sem meu pai
uma dor incomoda, não posso olhar para trás
resolvi escrever, escrever, escrever
do meu modo, meu linear sem regras
para escapar da dor, até hoje, a arte do tropeço
resolvi me abandonar de mim, por mim, para os outros
não pra mim mesmo, fora do tempo
com um papel e caneta sou risco em vermelho
estou escrevendo porque fico lúdica
insisto nisso, sem saber o quê vai acontecer
amigo, um livro pode salvar vidas
entendeu a questão?

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Painel de Poemas Premiados" - Outubro de 2017