André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

As palavras que te digo

 

As palavras que eu te digo agora
Não são letras em feixes de uma aurora
Nem da minha boca última ou primeira.
São palavras completando-se inteiras,
Mas por elas nunca se dirão completas
Por serem editadas partes dum poeta...

As palavras que construo noite adentro
São meus dias destruídos pelos ventos...
E, se nas manhãs escrevo-as, são sonhos
Que da noite lava os sonos meus, tristonhos...
As palavras vão sorrir, por mais severas
Alforriadas todas são de antigas eras
Dessa minha vida em fases dividida
Presas na infância buscam a saída...

As palavras essas... Outras mais ainda
Nascerão, nem sempre, para ti bem-vindas
Poderão chegar das regiões mais tristes
Por sendeiros meus, chegando a ti, imprimiste!
Saibas, mas existem terras neste mundo
Semeadas com sorriso e amor profundos...

Sim, palavras que te digo, ora, escutes!
Elas cultivei em mim e sem embustes
As escrevo a ti assim e desse jeito
Da funilaria confidencial do peito
Onde um morador pulsando sem parar
Versos faz de amor somente para amar...

 

 
 
Poema publicado no livro "Painel de Poemas Premiados" - Outubro de 2017