Francisco Rodrigues Gonçalves
Orindiúva / SP

 

 

Os gêmeos

      

           

Numa fazenda próxima aos morros na região do baixio, terra de gente forte trabalhadora, morava o agricultor e comerciante, chamado Carlos. Ele era um dos grandes produtores de algodão da região, além disso tinha uma casa de produtos agrícolas na cidade próxima à fazenda onde ele residia há muitos anos. O nome de sua casa comercial -“CASA BAIXIO” – era homenagem ao apelido que recebera em sua juventude quando era jogador de futebol ,e por ter nascido e criado no Baixio, achou justo colocar esse nome em estabelecimento comercial.
Carlos era pai de Talita uma jovem simpática que depois de quinze anos pensando que não teria irmãos, apareceram Marcos e Mateus, irmãos e gêmeos. Talita perdera o apego de filha única a atenção maior estava voltada para os gêmeos, as crianças cresceram naquele lugar simples acompanhando a lida do pai na fazenda e no comércio, Talita ao contrário do que muitos pensavam não ficara com ciúmes do grande apego dos pais para com os gêmeos, afinal ela já estava uma mocinha não precisava de tanta atenção quanto aos gêmeos. O carinho e atenção que os pais deram a ela retribuiu aos gêmeos juntamente com os pais.
Os gêmeos com todo carinho passaram a ser o centro das atenções: vestiam roupas iguais, bebiam em copos iguais, tinham os mesmos brinquedos...
Para os pais os meninos eram idênticos, tinham os mesmos pensamentos e sentimentos; mas na realidade não eram, tinham semelhanças físicas mas não eram iguais. Ao matriculá-los numa escola particular fizeram questão de que os dois estudassem na mesma sala, portanto, estudavam na mesma escola, na mesma sala de aula e sentavam-se juntos.
Seu Carlos batia e dizia com orgulho:
- Meus meninos são flamenguistas e serão advogados!
Os anos passaram ... os meninos cresceram ... nenhum dos dois foi o que seu Carlos pensava e queria que eles fossem. Marcos se formou em letras e Mateus se formou em matemática. A única semelhança, além da aparência fica, é que os dois foram professores em um colégio público, mas lecionando matérias diferentes.
Não diga nunca eu sou igual a ele ou ele é igual a mim. Podemos ser semelhantes mas não iguais.  

 

 
 
Poema publicado no livro "Livro de Ouro do Conto Brasileiro Contemporâneo" - Agosto de 2017