Roberto Antonio Deitos
Cascavel / PR

 

Embrulhar a vida

 

Enquanto a morte do dinheiro não chega num embrulho...
Fico pensando quanto valeria um ser... o povo...
Quanto eu... você... custamos nas ações do mercado?...
Quanto pagariam por tantas pessoas?...
O dinheiro pode comprar a vida...
Quando muitos seres vivem ainda passando fome?...

Até quando vamos achar tão normal
Que a miséria humana seja o preço acertado
Pelos poucos ricos que pensam que a morte
Não lhes pertence... só chega para os pobres?...

De que serventia serviria o dinheiro
Se a vida valesse mais a pena
De que serventia serviria o dinheiro
Se o outro não fosse tratado como mercadoria?...
Nem serventia que se vendia
A vida teria mais valia
O dinheiro não lhe compraria como fantasia do que não é...
Qual serventia teria essa coisa que maltada todo dia?...

Se o dinheiro pudesse
Comprar a morte
A vida acabaria?...!
O dinheiro é...
 A mão escondida da exploração
Como um gesto escamoteado
De negação da vida do trabalho
Cova da estupidez humana
Marca da nossa pré-história!...

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea" - Agosto de 2017