Nery França Fornari Bocchese
Pato Branco / PR

 

 

O Pinóquio e os dias de hoje 

 

 

"Menino, não minta, que o teu nariz vai crescer". Uma afirmação educativa, mas que por si só já é uma inverdade; e a criança de imediato passava a mão no rosto para ver se o nariz estava do mesmo tamanho. 
A gente crescia sabendo que mentir é muito feio. “Mentira tem pernas curtas”.
Hoje até parece que quanto mais mentir melhor se sairá.
Os bons costumes mudam com o passar do tempo. Ou ao menos, tentam os homens, mudá-los, mas alguns são essências da humanidade. 
Às vezes mentir é necessário e, faz muito bem.  Quando se acalma o choro de uma criança dizendo que a mãe já vai chegar. 
E isso demora. Para o bambino sem noção das horas é uma eternidade.
- Quando se diz: Dias melhores hão de vir - é a manifestação de um querer que faz bem para a alma.
Porém, quando se escuta, políticos e pessoas que exercem influência, mentindo descaradamente, é preciso coragem para não dizer um nome feio. 
Quando se houve uma mentira animadora: 
-  “Tudo vai melhorar”. 
- “Logo passa” é mais uma vontade de que coisas boas passem a acontecer do que uma inverdade. 
Seria muito bom que os Pinóquios da realidade, feitos de carne e osso, tivessem a sua ficção como uma realidade e essa transmitisse sempre a esperança. O boneco de madeira, criado por Geppetto, também custou a apreender os verdadeiros valores. E, ainda que, automaticamente o fato acontecesse, movido pela força do pensamento de tantos viventes. Seria o melhor meio de resolver uma série de problemas: 
- É exprimir um anseio, e os Anjos dizerem Amém. Mas sempre que seja para o Bem da maioria. 
O grande desfio é o Amém dos Anjos. A visão deles, nem sempre coincide com a nossa. Eles enxergam além da atualidade. 
Estava pensando sobre esses fatos quando a minha netinha, chegou em casa e toda feliz, disse:
- Você conhece a História do Pinóquio?
A professora disse: que quem mente fica que nem o nariz dele...
- Mas ela não contou a história para vocês?
- Bateu o sinal e não deu mais tempo.
Ela, também falou que era para nós perguntarmos em casa e, amanhã quem souber vai relatar a história na sala de aula, para os coleguinhas.
Disse a ela que era uma história italiana de um Boneco muito simpático, que precisou viver, muitos desafios até apreender o que é melhor para ser feito.
Uma imaginação fantástica, lá da Província de Toscana, escrita em 1883, por Carlo Collodi. Ele criou o Pinocchio e o Geppetto.
 Achei o livro para que além da história, as crianças pudessem observar as figuras. 
Também fomos procurar no mapa, para ver onde fica a Itália e, nesse país a onde está localizada a região de Toscana.
- A distância do Brasil, até chegar ao Mediterrâneo e depois aportar na Itália não é nada “ mole”, disse ela.
Nós duas lemos juntas, a bela inspiração, escrita há tanto tempo atrás. 
- A manhã você leva o livro para a sala de aula.
- A gente não deve mentir. Ensinei, mas às vezes é preciso... Existem mentiras saudáveis.
Não devemos fazer com que as crianças carreguem culpas desnecessárias.
É preciso ensiná-las os verdadeiros valores para a formação da essência humana.
Mentir traz consequências, muitas delas irreparáveis e outras nem tanto. 
A difícil arte de apreender a viver e saber que entre elas está:
-  Mentir ou dizer sempre a verdade, está entre elas.

 


 




Conto publicado no livro "Mentiras (mais ou menos) verídicas"
Edição Especial - Agosto de 2021

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