Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Noite feita de poesia sem gala

 

 

Sou negro, sou forte…sou mulher, sou guerreira.
Sou índio de arco e flecha, arco do amor que lança a flecha da reparação...
Meu "eu lírico" é gerado por uma literatura do esclarecimento
Por uma literatura que dá o seu testemunho...
Sou da religião que prega o amor sem ódio
Da História contada pelos sobreviventes da senzala que deitou muitos de meus irmãos...
Da História que varreu da América Latina outros irmãos...
Que sangrou a humanidade com o assustador Holocausto...
Da História que liberta o ser humano de seu lado desumano...
Sou nordestino, forte, lutador, sofredor, batalhador...
Sou baiano, de coragem, fé, cor, feito de híbridas vozes,
Destemido a guerrear contra os que defendem a morte
Destemido a defender a vida custe o que custar
Destemido a defender nossa nação do fascismo enganador...
Sou itabunense, de nascimento, identidade, força e poesia
E acredito em meu povo que não permitirá que o nosso Brasil
Seja entregue em mãos de um insano devorador...
Jesus como bom Pastor e como Aquele que lutou contra o poder
E contra os mercenários que pastoreavam o rebanho em nome
De seus próprios e insanos interesses...
Diz-me, como voz libertadora que adentra minh'alma poética,
"Clamas a Mim, responder-te-ei. Quando tu clamares, Te responderei..."...
Com autoridade de viajante iluminado pelo conhecimento
Que liberta o ser de suas prisões...
Rogo a Deus neste intenso momento,
Por meio desta “dialética do esclarecimento”
Que nossa nação não venha ser entregue em mãos de alguém que é inimigo
Das artes, da ciência, da prosa com identidade e da poesia com liberdade…
Da noite em ruínas, feito de poesia sem gala… ruídos do mal.

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Poesia em Noite de Gala" - Janeiro de 2019