Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

 

Catarse


                     

         

Há coisas que acontecem na vida da gente, que não tem como explicar. Um encontro, um olhar, um aroma, um sorriso. Empatia.

Por que em determinados momentos nossos sentidos ficam tão aguçados e propensos a uma interação? Se a cada instante nos deparamos com pessoas e coisas?

Olhamos, sentimos perfumes e odores, ouvimos vozes e sons diversos. Sorrimos e recebemos sorrisos. Percebemos uma lágrima sorrateira...

Certamente são reações que desencadeiam múltiplas sensações e sentimentos. Estes podem permanecer por muito tempo, impregnados em nosso ser. Quem sabe, chegarem à nossa essência, apoderarem-se dela e nunca mais saírem de nós? Passam a fazer parte das nossas entranhas.

São circunstâncias singulares, como faíscas responsáveis pelo fogo de uma grande paixão, cujo alvo não necessariamente seja uma pessoa.

Creio que é assim com toda a humanidade. Ninguém parece escapar de tais instantes que geram uma imensa catarse. Quando isso acontece, há também um discernimento de que além de matéria corruptível, somos alma e espírito latentes.

Mistério inusitado e insondável.

Comigo já aconteceu. E com você?


 


 




Conto publicado no livro: "O Pulo do Gato"- Edição 2021
Abril de 2022

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