Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI

 

 

Pequenos detalhes



        

O ovo, inteiro e pequeno
deslizou do ninho.

E, de repente,
parou debaixo da galinha.

Na maciez quentinha das palhas, a galinha demorou a perceber que mais um ovo estava debaixo de suas asas. Mas o novo ovo encheu-lhe o coração de fantasias de pios e picadas, na alegria de um filhotinho pequenino pelo tamanho do ovo. Então, arrumou mais uma vez as asas e deitou se aconchegando.
Por vezes, viu mexerem em seu ninho. Todavia, ciente de que seus ovos estavam bem, apenas cacarejou baixo para aliviar a tensão de ficar dias deitada. Depois, como sabia ser isso parte da realidade, ficou mansa sem protestos.
Então, um dia os ovos começaram a quebrar a casca e os filhotes nasceram. Sentiu olhares pela ninhada. Ainda mais por um deles, tímido e mais claro. Não achou bom o modo como o admiravam. Talvez estivessem se concentrando apenas na diferença deste entre os demais.
A galinha tentou deter-lhes a surpresa. Porém o filhote, incapaz de saber que o achavam estranho, equilibrava-se nas perninhas, caía, levantava-se...
... – É um filhote de capote, sim!
A galinha fez sinal para que os filhotes viessem para debaixo de suas asas. Eram seus pintinhos. Não tinha do que reclamar.
Era preciso protegê-los e não se descuidar da convivência com os filhotes que justamente nos faziam amá-los.
 

 

 


 

 




Conto publicado no "Livro de Ouro Contos "- Edição 2021 - Outubro de 2021

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