Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA
Tempo descronológico
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo
Todos os dias tornaram-se todos os dias!
Tempo dissolvido, tempo distraído, tempo corroído
Escrita sob a amarga tarefa da poesia de dor!
Corpo, mente, matéria, perturbação, desequilíbrio
Desgaste do eu noturno, desgaste do eu interior
Insônias, devaneios, interrupções, divagações
Tempo de total devaneio das subjetividades!
Marcas da dor, do individualismo ferido
Que nesta poesia não se traduz
Porque esta poesia está vazia de si,
Desamparada por um desastre de escritura!
Estupidamente dividida entre um querer sem querer
Porque ela está a viver pela primeira vez
Uma inquietude assintomática, ausência de um si no estúpido
Esvaziamento dos espaços de ar que nos assusta a todos nós
Tempos sem medida, deserto, paralisado por um vírus surgido na China
Poesia desestruturada, desencantada, sacudida melancolicamente
Buscando um caminho inseguramente seguro
Deitada no colossal abismo do tempo sem medida, vazio!
Sem cronologia a ser seguida
O tempo se esconde por trás de uma angústia sem nome
Movida por um toque rastreado por um novo gênero em construção
Baseada na insegurança do ser, do ter e do sentir…