Gilmar Pereira Lima
Cândido Sales / BA
Da cantiga dos pássaros em dia de outono
Sempre que no café da manhã
Somente houvesse (além do seu amargo)
A melodia dos pássaros no descortinar da alvorada
E traziam consigo um alimento que não tínhamos...
A canção natural era o pão da vida
No recomeçar de cada dia
No resistir de cada lida
No continuar teimosamente
A experimentar dos sabores e dissabores
Que a incerteza trazia...
E tantas coisas que a vida inocente nos permitia...
Vida humilde,
Necessitada,
Mas repleta de alegria
Sempre que no café dessas manhãs
Pouco havia (além do seu amargo)
E a vida nos oferecia
Por outras vias
A esperança com a cantiga dos pássaros
no alvorecer...
Era justamente nesse exato momento
Que tudo se fazia completo
E despertava em muitos
muitos sonhos
Sonhos de ser poeta —
Nem que fosse somente nesse dia
dia de outono.
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