Wagner Gomes
Caçu / GO

 

 

De onde eu venho?

 

Eu venho da casa construída com paredes de barro batido,
casa de assoalhos pregados em troncos escondidos,
nela haviam escadas de pedras com um grande corrimão,
e era coberta com telhas de barro amassado com a mão.

Eu venho da casa construída às margens do ribeirão,
bem ao lado do pântano de um pequeno pontal.
Corria ao lado em um tronco de aroeira uma bela bica d’água,
e do outro lado existia o paiol, e também um velho curral.

Eu venho de uma tarde de inverno em Setembro,
às vésperas do encantar das flores de uma primavera.
Venho das esperanças que eu via nas curvas da chegada,
e do desespero que eu sentia em cada uma de minhas esperas.

Venho dos sonhos que eu carregava quando criança,
olhando para a funda estrada que terminava na velha porteira.
Eu venho do buscar do alto o passar flutuante das nuvens,
e no final do dia as tardes avermelhadas pela poeira.

Eu venho do caminhar descalços pelo velho quintal,
do andar me equilibrando nas cercas do chiqueiro.
Venho do galopar trazendo o gado para o curral,
do correr pra todo lado, e do subir e descer do velho cajuzeiro.

Eu venho do recanto de um canto de encantos,
de onde hoje me lembro e sinto muita saudade.
Venho de uma infância cheia de espantos,
muito diferente do que vivem na realidade.

Eu venho vindo aos poucos por esse caminho,
sem nem mesmo saber onde vou chegar.
Eu vivo hoje nos sonhos que nunca sonhei,
trazendo comigo as bagagens do meu caminhar.

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Mágicos de Poetas Encantados" - Julho de 2018